Casegas e Ourondo “mais unidas que nunca” para conseguir o “divórcio”

É na hora de lutar pela separação que Casegas e Ourondo se mostram mais unidas que nunca. Acabar com um casamento forçado que dura há 9 anos é o grande objetivo das duas localidades. O primeiro passo foi dado este sábado com a aprovação pela assembleia de freguesia, por unanimidade, da proposta de desagregação.

Com vários populares na sala, oriundos tanto de Casegas como do Ourondo, Carlos Barata, presidente da Assembleia de Freguesia, na intervenção inicial recordou “a luta e revolta” das duas populações “que nunca se conformaram com a injustiça da agregação”.


Uma união forçada, contra a lógica, a história e a vontade da população e autarcas, frisou. Sublinhando que é com cooperação que se consegue desenvolvimento local, questiona “como se consegue cooperar em desavença profunda?”. Disse ainda que este não é o momento para procurar culpados, frisando que o importante é que esta situação “tenha termo e seja revertida”.

Carlos Barata sublinhou ainda o desejo de que a união que as populações estão a demonstrar para conseguir a separação continue entre a futura freguesia de Casegas e freguesia do Ourondo.

Também o presidente da União de Freguesias, César Craveiro, teceu críticas à agregação, vincando que a população e os autarcas eleitos nos anos de 2013, 2017 e 2021 sempre se pronunciaram contra.

Recorda que a relação entre as comunidades “foi sempre tensa e conflituosa”, existindo até “ameaças aos cidadãos eleitos”, o que, só por si, justifica a desagregação”, disse.

Para César Craveiro este é “um passo importantíssimo” para reverter uma decisão que não respeitou a posição das populações e autarquias, bem como a identidade histórica de cada uma delas.

Explica que a proposta, que mereceu parecer positivo por unanimidade do executivo que lidera, “é bem elaborada, bem fundamentada e documentada”, mostrando-se convicto que merecerá a provação da Assembleia da República.

“O dia 26 de novembro de 2022 será um dia histórico para ambas as freguesias”, disse.

Carlos Bicho, que liderou o Movimento Povo Ourondo e Relvas, que sempre se bateu pela desagregação, usou da palavra no período de intervenção do público, para realçar “a importância histórica” do momento. A Falar em nome do povo do Ourondo frisa que é importante que as duas populações “consigam ir juntas à Assembleia para a aprovação da desagregação, porque tal interessa às duas populações”, disse.

A proposta vai ser entregue na segunda-feira à Assembleia Municipal. Depois de emitido parecer pela Câmara Municipal e da aprovação pela Assembleia será remetida à Assembleia da República para votação.

Recorde-se que do concelho da Covilhã, para além de Casegas e Ourondo, estão aprovadas pelas respetivas assembleias de freguesias as propostas de desagregação da União de Freguesias de Peso e Vales do Rio e do Barco e Coutada.