Na sessão de encerramento da 12ª Assembleia da Direção Regional do PCP de Castelo Branco, o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, rejeitou a ideia de que o interior do país esteja condenado e apontou o dedo às “políticas de direita”, qualificando os lamentos pela desertificação como “lágrimas de crocodilo”.
“Se o caminho é de cortes nos apoios à agricultura familiar, se o caminho é de encerramento de escolas, se o caminho é de encerramentos de postos da GNR e postos de CTT, se o caminho é de eliminação de freguesias, se o caminho é de manutenção e aumento das portagens, de redução e eliminação de carreiras rodoviárias, de falta de investimento na ferrovia, de que servem as lágrimas de crocodilo e os lamentos hipócritas pela desertificação?”, questionou.
Paulo Raimundo falava na Covilhã na sessão de encerramento da 12ª Assembleia da Direção Regional do PCP de Castelo Branco, que decorreu ontem, dia 3, sob o mote “Tomar Iniciativa, Reforçar o Partido, Lutar pelo desenvolvimento do distrito”.
Garantiu que o PCP não acompanha a ideia de que o interior esteja condenado e defendeu que é preciso aproveitar os recursos que estão à disposição.
“O interior condenado significa um país condenado e nós não aceitamos que condenem o interior nem o nosso país”, sublinhou Paulo Raimundo.
Durante a intervenção, o líder comunista apontou os números dos censos de 2021 para “lembrar os problemas que o distrito enfrenta com uma perda de população a ultrapassar os nove por cento na última década, percentagem que em alguns concelhos foi ainda mais elevada”.
Referindo que a isso também se soma o “envelhecimento demográfico”, o secretário-geral do PCP defendeu que é preciso “travar esse processo e criar condições” para que as pessoas possam viver nesta zona do país.
Paulo Raimundo considerou que “a situação está profundamente relacionada com escolhas políticas que têm reflexo em todo o território nacional”, nomeadamente com as opções por encerramentos de serviços, que levam as pessoas a terem de sair.
“Não vale a pena vir com o argumento de que há poucas pessoas para justificar o encerramento de serviços públicos, quando é precisamente a política de direita que provoca a saída das populações do interior do país, por não terem condições para cá ficar”.
Neste sentido, Paulo Raimundo apontou medidas que podiam ajudar a região, a começar pela abolição do pagamento das portagens nas antigas SCUT.
“Contribuiria ou não, por exemplo, para fixar as populações no distrito a eliminação das portagens nas ex-SCUT?”, sugeriu.
O PCP defende que é preciso apostar no “desenvolvimento produtivo e na indústria, na criação de emprego com direitos, na defesa do ambiente, da floresta, da agricultura, dos recursos naturais”, bem como “na defesa e reforço dos serviços públicos”, ou “no desenvolvimento científico e tecnológico”, dando “bom uso dos fundos comunitários”.
Além disso, Paulo Raimundo pediu que se avance “de uma vez por todas” com a regionalização e de adotar medidas que ajudem a combater o défice demográfico, criando medidas que deem condições às novas gerações para constituir família.
“Medidas que passam por salários dignos, vínculos permanentes, horários de trabalho estáveis, acesso a habitação, creche, escola, transportes, acesso aos serviços de saúde e ao acompanhamento das grávidas e ao seu direito a nascer em segurança num hospital”, afirmou o líder comunista, acrescentando que estas são “condições fundamentais para optar por ter filhos e garantir a sua educação”.
Ainda durante a sua intervenção, o secretário-geral do PCP acusou o PS de ter querido eleições antecipadas para se livrar das restrições causadas pelo partido e para começar a causar constrangimentos ao povo.
“É perante este caminho, estas opções, que o PS mostra bem ao que vem e porque é que fez tudo para eleições antecipadas, porque se queria libertar de constrangimentos que nós causávamos e, dessa forma, começar os constrangimentos para com o nosso povo”, afirmou.
A 12ª Assembleia da Direção Regional do PCP teve lugar ontem, dia 3, no auditório 8.1 da Universidade da Beira Interior (UBI).