As vivências das mulheres que fizeram da Covilhã a “cidade fábrica” são o ponto de partida para mais uma edição do “Elas ao Som da Fábrica”, uma organização da turma finalista do curso de Ciências da Cultura da Universidade da Beira Interior (UBI), que vai ter lugar no dia 11 de janeiro.
O evento foi hoje apresentado em conferência de imprensa, pelos cerca de 14 jovens que integram a turma e que colocaram de pé a iniciativa, depois de momentos de pesquisa em antigas fábricas e arquivos, especificaram no encontro com os jornalistas.
Este ano, o subtema do ciclo intitula-se “Poesia do Movimento” e volta a dar visibilidade ao papel feminino, através de vertentes artísticas, culturais e históricas, espelhadas em palestras, teatro, performance, exposições, poemas e música.
O objetivo, para além da homenagem, é “não romantizar” a vida das mulheres nas fábricas, mas sim causar “desconforto” ao recordar o que passaram na fábrica, levando o público a refletir,
“Desconforto pelo que passaram e que muita gente daqui não sabe, e nós queremos pegar nas pessoas que estiveram cá, nos momentos, nas vivências e revelar à comunidade essa realidade e leva-las a refletir sobre esse passado”, disse Pedro Bártolo na apresentação do certame.
Apesar de ser um evento de continuidade este ano terá uma “abordagem diferente”, frisou Diana Santos.
“Novidade, mulheres e diferença” são as três palavras escolhidas pela organização como marcantes do evento, disse ainda a jovem aluna da UBI.
Do programa constam palestras, teatro, momentos musicais, tudo associado ao tema mulheres e ao que elas passaram nas fábricas, abordando temas como os direitos laborais, ou a falta deles, e a emancipação da mulher, sem “romantizar”, mas sendo ao mesmo tempo saudosistas, recorrendo a memórias e a testemunhos, explicou Pedro Bártolo
“Queremos que as pessoas tenham consciência do que foi, o que aconteceu nesse passado muito recente, em que tudo era diferente, até a lei laboral, deixando a mensagem de que esta é uma luta, pelos direitos, até aos dias de hoje”, disse
A organização explica que para chegar ao evento final fez pesquisa em antigas fábricas e com ex-operárias. Mostram-se “chocados” com alguns dos registos antigos que consultaram, em que “as pessoas são números, sem a importância que deveriam ter tido”.
“Queremos realçar aqueles números que representam pessoas. São um conjunto de formigas que lá estão, queremos realça-las e torna-las cigarras”, disse.
Elas ao som da fábrica” é um evento com “muito potencial”, disse ainda a organização, explicando que as edições anteriores foram condicionadas pela pandemia. Sendo esta a primeira sem restrições, os 14 jovens que a organizam esperam que o público adira em grande número.
Na parte mais lúdica, destaque para o Teatro-Fórum com a performance “Gloriosa é a minha revolta quando me levanto – Elas e a revolução”, às 15:30 e para a atuação do grupo musical Colmeia, que integra Manuel Rocha, da Brigada Vítor Jara, com canções tradicionais e de labor, que irá atuar no encerramento às 19:00.
“Este é um evento para passar um bom bocado, mas é mais que isso”, destaca a organização.
A abertura desta edição 4 está marcada para as 10:00 de 11 de janeiro (quarta-feira), decorre até às 20:00, no Museu de Lanifícios da UBI.
Pode consultar o programa completo nas redes socias do evento.