“Queijeiras”: Projeto é “uma declaração de amor ao território e às suas gentes”

A melhor forma de definir o projeto “As Queijeiras” é “assumi-lo como uma declaração de amor ao território, às suas gentes e, em particular, às guardiãs da montanha, que são as queijeiras do concelho”, sublinhou Célia Gonçalves, secretária executiva da Associação de Desenvolvimento Integrado da Rede de Aldeias de Montanha (ADIRAM), durante a homenagem às queijeiras do concelho.

A sessão teve lugar ontem, dia 30, no Museu da Covilhã, e teve como objetivo homenagear as mulheres queijeiras do concelho através da criação de uma capa exclusiva em burel, um tecido artesanal à base de lã e característico do território, e do livro “Queijeiras – As Guardiãs da Montanha”.


Durante a homenagem, Célia Gonçalves frisou que o livro apresenta as 42 mulheres queijeiras dos nove municípios da Serra da Estrela e as suas ligações ancestrais à arte de fazer queijo. “É um livro que mostra como o trabalho tão bem dignifica o mundo rural”, vincou.

Os lucros obtidos através das vendas das capas e do livro reverterão para um fundo que oferecerá, às queijeiras, um curso de empoderamento pessoal e profissional.

“Este projeto tem o propósito de ser um fator transformador na vida de todas as mulheres. Um projeto de empoderamento feminino que quer dar presença, voz e agência a mulheres que, como tantas outras, são heroínas invisíveis da nossa cultura”, salientou Célia Gonçalves.

Na sessão de abertura, Regina Gouveia, vereadora com os pelouros da cultura e ação social na Câmara Municipal da Covilhã, afirmou que o projeto “tem a ver com o saber fazer”, um caminho que considera estar a ser trilhado em Portugal “com uma justificação muito forte”.

“Nós, como país, mas principalmente como interior, concelho e cidade, afirmámo-nos turisticamente porque nos conseguimos preservar enquanto entidades culturais, que têm a ver com o saber fazer e, principalmente, com pessoas”, vincou a autarca durante a sua intervenção.

Helena Moreira foi uma das queijeiras homenageadas e, durante o seu discurso, não escondeu as dificuldades pelas quais passou quando se tornou gerente da Queijaria do Paul, em 2018.

“Pouco mais de um ano depois, veio a pandemia e estivemos dois anos a não conseguir escoar queijo, com todas as dificuldades inerentes”, vincou Helena Moreira, sublinhando, ainda, o aumento de preços nos fertilizantes, adubos, sementes e gasóleo.

Catarina Braz, gerente dos Queijos Braz, em Peraboa, salientou a importância do projeto “Queijeiras – As Guardiãs da Montanha”, destacando que estas “têm vindo a ganhar maior protagonismo no reconhecimento da igualdade, direitos e oportunidades de crescimento profissional”.

No final da homenagem, José Miguel Oliveira, vereador com o pelouro do turismo na Câmara Municipal da Covilhã, disse ser “fundamental olhar para esta fileira de uma perspetiva turística”.

“Acho que há uma potencialidade enorme em torno deste saber fazer, que cada vez é mais procurado por quem nos visita, por pessoas que querem sentir o que é e como se faz”, frisou.

Relativamente a esta fileira, o autarca revelou que o município está a trabalhar num projeto de renovação e reestruturação do Museu do Queijo, em Peraboa, salientando que a ideia associada a este projeto é a de ser “uma experiência dos sentidos, dos sabores e do saber fazer”.

Em última nota, José Miguel Oliveira vincou que o município está “de mãos dadas” a trabalhar com este setor, sublinhando que, em breve, “haverá novidades naquilo que é a posta nestes produtos”.

O projeto “Queijeiras” é promovido pela ADIRAM, em parceria com os nove municípios da região da Serra da Estrela, entre os quais se inclui o Município da Covilhã.