Teve lugar esta manhã a Sessão Solene da Assembleia Municipal da Covilhã, para celebrar os 49 anos do 25 de Abril. Com vozes maioritariamente femininas, foram quatro oradoras e um orador, houve abordagens, naturalmente, diferentes, mas com um elo comum, celebrar os valores da liberdade e da democracia.
Ana Branco, em noma da coligação “A Covilhã tem Força”, exultou os direitos já conseguidos pelas mulheres, mas relembrou que este é um caminho ainda com muito a desbravar. O mesmo se aplica ao poder político autárquico.
“Há ainda muito caminho a desbravar na luta dos direitos das mulheres, seja pela igualdade laboral, salarial ou no combate à violência doméstica”, disse, vincando que “devemos continuar a lutar pela igualdade de género”, porque “meio século depois ainda é o patriarcado que comanda”.
No caso das autarquias, frisa que para “pôr em marcha Abril, é preciso abrir novos horizontes, representar a vontade dos eleitores e aproximar-se dos cidadãos, o que infelizmente não acontece, principalmente nos casos em que estão mais longe da sede de concelho”, sublinhou.
Mónica Ramôa, do Grupo Municipal do PCP, aclamou as conquistas de Abril, para os trabalhadores, a escola pública, SNS, poder local, na igualdade de género, na cultura, arte, desporto, entre muitos outros e assinalou o que falta para que “a Primavera impere no país”.
Entre muitos atropelos e preocupações, no seu discurso destacou a juventude.
“Os jovens em Portugal têm elevadas qualificações, nunca fomos tão qualificados, mas o seu quotidiano é pautado pela precariedade, pelos baixos salários, incapacidade de sair de casa dos pais. Não há habitação para os jovens. Não Há futuro? Terão eles de continuar a emigrar e continuar a construir os futuros brilhantes de outros países? Que Portugal é este, que renega a Primavera para a qual foi exortado pelo povo?”
Parafraseando Sofia conclui: “perdoai-lhe Senhor, porque eles sabem o que fazem”, vincou.
Tendo como certo que “o povo saiu à rua e fez com que revolução fosse sua”, afirma que “não nos podemos conformar com a destruição da Primavera. É que sem Primavera o Verão não se instala e há riscos de Outonos fatais e Invernos infernais, todos nós conhecemos as adversidades das crises climáticas, as literais e as figurativas”, sublinhou.
Se os dois discursos iniciais quase não se focaram nas questões locais, António Freitas, em nome do Grupo Municipal do CDS, centrou aí a sua atenção, e de forma muito crítica.
Afirmando que esta forma de governar “é aplicar uma eutanásia à democracia”, enumerou o que considera exemplos dessa prática.
“Quando nos espaços públicos se dá margem para censura, proibindo as pessoas de expressarem qualquer apoio, ou conversar com a oposição, quando se faz uma perseguição política encapotada em vários aspetos, quando se utilizam os meios de comunicação institucionais para, descaradamente, atacar o opositor ou promover os seus afazeres e a sua obra. Quando os cidadãos têm de esperar 3 anos por uma obra que se poderia fazer no primeiro, numa busca desenfreada pela caça ao voto. Quando num mundo cada vez mais tecnológico não existe liberdade para que os cidadãos assistam e participem nas reuniões e assembleias de forma online. Quando não se convidam para os eventos, ou se escondem os membros da oposição das fotografias. Quando se recorre a contratações tendo em vista a manipulação das famílias, ou de pareceres que não existem, quando se hipoteca o futuro do concelho através de contratos ruinosos e de politicas que afetam o bolso dos cidadãos por viverem no interior, tudo isto vai envenenando o nosso estado democrático”, disse.
Elencando a desertificação do interior, o envelhecimento, a destruição de empresas, afirma que “apenas a verdadeira democracia dará verdadeiro sentido à revolução”, o que só acontecerá “com uma classe que tenha como lema servir, ao invés de servir-se”, afirmou que nesta matéria o CDS tem feito o que lhe compete com políticas, propostas e reformas para inverter a atual situação.
Vanda Ferreira, eleita pelo PSD, afirmando que “este é o dia para dizer bem alto que o 25 de abril não é só uma data histórica”, teceu, na sua intervenção, duras críticas ao governo central e local.
Críticas ao estado do SNS, educação, justiça, e “casos e casinhos da maioria que os governa”.
Em termos locais, afirma que “o poder local livre e democrático, é a 2.ª maior conquista de Abril”, e mesmo no interior, com a estratégia certa, há municípios que provam que “a interioridade não é uma inevitabilidade”, dando os exemplos de Viseu, Guarda e Fundão, afirmando que “à Covilhã falta visão e estratégia”.
“As promessas ditas e juradas anos a fio, e até agora não concretizadas, resultaram num desinvestimento brutal do concelho, na perda da qualidade de vida das pessoas que insistem em cá viver, e num orgulhoso saldo de gerência de 11,7 milhões de euros para o executivo camarário, que espelham uma década de empobrecimento da Covilhã, mas que certamente vão servir para mais um rol de promessas feitas aos covilhanenses. Porque falta ambição ao executivo que se contenta com poucochinho porque nunca teve nem visão nem estratégia de pensar grande. O desejo e a ambição obrigam-nos a pensar, a querer e a desejar que a Covilhã volte a ser ‘Das Beiras a rainha’ como cantava Amália Rodrigues”.
Ana Catarina Mendes foi a quarta mulher a usar da palavra nesta sessão solene, em nome do maior grupo municipal, o do PS, e as conquistas das mulheres no 25 de Abril também estiveram presentes no seu discurso. “Portugal era um país pobre, e era muito pior para as mulheres”, recordou.
Para além disso, realçou conquistas como a educação, a qualidade da habitação, os cuidados de saúde.
Conquistas que se construíram e consolidaram com apoio do PS, e aqui, fez um paralelismo com a Covilhã.
“O PS quando chegou à câmara encontrou uma divida colossal, e desde o início assumiu a gestão rigorosa que nos levou aos dias de hoje”, sublinhou.
Relembrou as obras no parque escolar, “as maiores de sempre que deixarão este executivo na história”, os passes gratuitos para todos os alunos, investimentos na habitação social, o apoio ao movimento associativo, “com regras claras que permitem o acesso de todos, independentemente, de credos e filiações”, e ainda as obras a realizar, em breve, em todas as freguesias do concelho, vincando que estas são formas de “cumprir Abril”.
Fez, neste âmbito, um paralelismo com o PS nacional, vincando que ambos deixarão a sua marca indelével, um no país, outro no concelho.
“Da mesma forma que o PS nacional tem uma marca indelével na nossa história coletiva, com a criação e desenvolvimento do estado social, SNS e escola pública”, “também o PS municipal tem uma marca de rigor na gestão as finanças municipais, de investimentos estruturantes e estratégicos em equipamentos e vias de comunicação, de crescimento económico e turístico que está à vista de todos. Uma marca de democraticidade e diálogo em conselhos municipais, atribuição de apoios para valorização do património cultural e material, nomeadamente enquanto Cidade Criativa da UNESCO”, disse.