AM Covilhã: PS indignado com silêncio do CDS e PSD sobre relatório do incêndio na SE

Nuno Pedro foi a voz da “indignação” do Grupo Municipal do PS na Assembleia Municipal da Covilhã, “face ao silêncio do CDS e PSD”, agora que foi conhecido o relatório dos peritos sobre o incêndio na Serra da Estrela.

Recordou a indignação que sentiu com o vídeo exibido pela bancada PSD na sessão de setembro da Assembleia e as palavras de Vanda Ferreira, em dezembro, em que prometia em cada reunião falar sobre o tema para que “o executivo socialista não ouse andar a empurrar com a barriga um assunto de tamanha gravidade”.


Nuno Pedro falou em aproveitamento político na altura, para agora, que se conhece o relatório dos peritos, se remeterem ao silêncio.

“Nem uma palavra sobre o relatório final do grupo de peritos dos incêndios rurais. A preocupação com os incêndios, a cada assembleia, cessou, já não há preocupação, porque saiu o relatório e este não vem ao encontro das expectativas, isto é, que ardeu e que a culpa fosse do presidente da Câmara. O que está neste relatório é que se devia discutir, mas isso já não interessa porque não há dividendos políticos a retirar”, concluiu.

Durante a sua intervenção, Nuno Pedro destacou alguns dos pontos do relatório que contrariam o que o PSD quis evidenciar com o vídeo exibido na assembleia de setembro e que, para o eleito, “não passou de um exercício de demagogia e de aproveitamento político da desgraça”.

Nuno Pedro, citou partes do relatório, sobre a origem e as condições meteorológicas, hídricas e de orografia, propicias à propagação do incêndio.

Recordou as críticas às ações de combate, nomeadamente na passagem do fogo para o concelho de Manteigas e para proteger a Volta a Portugal, situações que o relatório contraria, disse.

“Ao início da noite de 6 para 7 de agosto, o CDOS da Guarda propôs uma ação de fogo tático que envolvia a queima de uma área de aproximadamente 1.200 hectares no concelho da Covilhã”, citou, apontando que “o que aqui vimos no filme foi agradecer muito o contributo e a ação de um presidente aqui ao lado e o que propuserem foi arder 1200 hectares no concelho da Covilhã”, sublinhou.

Sobre a Volta cita a opinião dos peritos que corroboram a decisão tomada de manter a etapa da Serra.

“Foi opinião do comando operacional, e com a qual concordamos, que o percurso não estava numa zona de perigo e a etapa prosseguiu”, citou.

“Foi igualmente referido que vários meios de socorro foram deslocados para a Volta a Portugal”, relembrou, o que, sublinha, o relatório contraria.

“A ausência de meios aéreos na tarde do dia 7 de agosto na cabeça de fogo na encosta entre a estrada do Vale Glaciário e a rede primária da Serra de Baixo, deveu-se à incapacidade do combate aéreo devido ao fumo”, citou.

Rd – incêndio 2

Também as acusações, “altamente mediatizadas” de falta de organização e coordenação no combate são contrariadas no documento, destacou o eleito.

“Dificilmente encontraremos noutra ocorrência desta dimensão uma estratégia tão estruturada. Foi criado um posto de comando operacional principal diretor e quatro posto de comandos avançados. Foi nossa perceção que a ligação entre estes postos era fluida e que a distribuição ia ocorrendo de forma razoável. A única altura em que houve um problema foi quando o CDOS da Guarda criou outro centro operacional em Manteigas”, citou.

Em resposta à intervenção João bernardo (CDS), devolveu a acusação de “aproveitamento político” do incêndio.

Sobre o conteúdo, destaca que este é “o relatório das lições aprendidas, ou que deveriam ser aprendidas e que ainda não foram”.

Questionou ainda se o plano da “proteção civil já resolveu” a falta de acessos a que fez alusão, em setembro, o comandante dos Bombeiros da Covilhã durante a reunião do órgão.

O eleito do CDS criticou ainda a ausência deste tema na informação escrita do presidente da câmara que, até agora, não abordou o tema. Frisa ainda que o relatório “desmente” o que disse o comandante dos BVC na assembleia, sobre a ativação do Plano Municipal de Emergência.

“Se citou o relatório a dizer que o plano municipal foi ativado dia 8, desmente o que disse o comandante nesta assembleia”, relembrando que este disse que “só foi ativado 4 dias depois”, afirmou.

Também Vanda Ferreira (PSD) fez alusão a este tema no decorrer dos trabalhos, recordando que a comissão que foi criada na assembleia, “que já deveria ter discutido este relatório nunca reuniu”.

Em resposta à acusação de silêncio, vincou que a sua intervenção para o período de questões sobre a informação escrita do presidente foi antecipadamente elaborada e nela “vinca que já vamos na quarta sessão após a catástrofe e a informação escrita nada tem sobre o plano de revitalização da Serra da Estrela”. Afirma ainda que “nada foi feito no âmbito da preparação da época de incêndios”, 

 “Mais um verão vai acontecer e mais uma vez o concelho volta a não estar preparado para responder a catástrofes, e mais uma vez, a culpa ou morre solteira ou volta a ser dos helicópteros”, disse.