“Tecer a diverCidade”: Projeto de inclusão com balanço muito positivo

Ao longo de um ano e meio o projeto “tecer a diverCidade” trabalhou em prol da integração de minorias na sociedade covilhanense. Podia ser mais um projeto de informação e formação, mas neste caso é mais que isso, tem a mais-valia de integrar na equipa elementos dessas minorias que abrem portas “à inclusão”.

São jovens mediadores interculturais que fizeram a diferença, salienta Regina Gouveia, vereadora com o pelouro da ação social na Câmara Municipal da Covilhã, salientando que o facto de existirem esses jovens, foi facilitador do “conhecimento mútuo”, uma vez que, “pertencendo a essas comunidades minoritárias, foi mais fácil interagirem”, destaca.


“O facto de termos os mediadores interculturais, que a própria representante do Alto Comissariado para as Migrações classificou como sendo um caminho estratégico essencial neste trabalho, é uma estratégica facilitadora, é abrir as portas dessa comunidade e o trabalho fica facilitado por essa via”.

A autarquia foi a entidade gestora do projeto, que decorreu em parceria com a CooLabora e Beira Serra, tendo em vista combater todas as formas de discriminação em função da raça, nacionalidade, origem étnica ou religião.

Regina Gouveia vinca ainda que “o trabalho não se esgota” neste espaço temporal em que decorreram ações no terreno, divididas em eixos como Educação, Emprego e Formação, Saúde e Habitação.

Realça que para uma verdadeira inclusão tem de haver reciprocidade. A sociedade maioritária tem de estar apta a acolher e as minorias a serem acolhidas. “Falar de inclusão é falar de esforço mútuo, de reciprocidade”, reforçou.

“É verdade que estas comunidades e quem a elas pertence, quando está num território, neste caso no nosso concelho, também têm que fazer o seu esforço, não podemos é nós, que pertencemos à dita sociedade maioritária, pensar que deve ser apenas da parte deles, mas também não deve ser apenas nosso. Este projeto teve a ver com promover, sensibilizar, estimular, mas também esclarecer e informar sobre o que deve ser esse esforço mútuo”, concluiu.

Regina Gouveia considera que os resultados do projeto foram além das expectativas.

Mostra-se convicta que o trabalho desenvolvido terá frutos, classificando já como importantes os resultados no curto prazo, “como o envolvimento e o diálogo, que já são objetivos atingidos”, frutos que ficam no médio e longo prazo. “Será essencial dar continuidade ao projeto, pelo menos nos eixos que já foram trabalhados”, disse.

Este é um projeto que resultou de uma candidatura ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego – POISE, sendo que o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) assume-se como organismo Intermédio. O projeto teve a duração de 18 meses, com um financiamento global de perto de 130 mil euros.

A equipa multidisciplinar desenvolveu diversas ações no terreno, tendo públicos alvo definidos para cada uma delas e em cada eixo.

Na Educação houve um grande enfoque na comunidade cigana, com apoio ao estudo, por exemplo, mas também na comunidade educativa onde apresentaram sessões sobre a “escola e a diversidade cultural”.

No eixo Habitação destaque para “o arrendamento inclusivo”, constituindo uma plataforma para o efeito, com contacto com empresas imobiliárias da região. Foram, ainda, desenvolvidos temas como “habitar em comunidade”, direcionados aos bairros sociais do concelho.

No eixo Saúde desenvolveram-se consultas de especialidade, sempre com o intuito de informar e formar para a saúde, com apoio direto de alunos de Ciências da Saúde da UBI. Foi ainda desenvolvida a campanha “Haja Saúde” direcionada a famílias ciganas, com, entre outros, sensibilização para a vacinação, higiene oral e saúde oncológica.

No eixo emprego, foi desenvolvida uma campanha de sensibilização nas empresas para a contratação destas minorias.

Aconteceram, também, ao longo deste ano e meio diversas ações transversais, do teatro, à musica, à dança, palestras, workshops, mesas redondas, contactos formais e informais sempre com o mesmo denominador comum a inclusão.