Secretário-geral do PCP disse na Covilhã que é “urgente” criar condições para viver no interior

Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, recordou os incêndios que assolaram o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE) no verão passado, sublinhando que “continuam a faltar medidas estruturais”.

O líder comunista falava durante a sessão de abertura das jornadas parlamentares do partido, que têm lugar na região durante os dias de hoje e amanhã, 19 e 20.


“Em setembro do ano passado tivemos oportunidade de apresentar um programa de emergência para a serra da estrela. Um programa enquadrador das medidas necessárias para responder à situação crítica resultante dos incêndios florestais ocorridos, para assegurar o planeamento e gestão adequada do território integrado no PNSE e reforçar a prevenção e combate a incêndios florestais”, frisou.

O programa tinha como objetivo “a recuperação e valorização do PNSE nas dimensões ambiental, social e económica, com identificação de prejuízos, perdas e regime de apoio à reposição de potencial produtivo e à manutenção de atividades agrícolas e pecuárias”, disse Paulo Raimundo, acrescentando que o programa contava ainda com o reforço da capacidade do ICNF em meios humanos, técnicos e financeiros, de forma a “dar resposta às necessidades de gestão, recuperação, fiscalização e defesa contra incêndios”.

O secretário-geral do PCP abordou ainda a questão da desertificação no Interior, acusando a direita pelas suas políticas que “provocam a saída das populações do interior do país por não terem condições de ficar”.

“É necessário, possível e urgente criar condições para que as pessoas possam viver no interior do país”, disse Paulo Raimundo, recusando a ideia “de que o Interior esteja condenado”.

“Se o caminho é o da desindustrialização, cortes nos apoios à agricultura familiar, encerramento de escolas, maternidades, extensões de saúde, postos da GNR e postos de CTT, eliminação de freguesias, manutenção e aumento das portagens, de redução e eliminação de carreiras rodoviárias, de falta de investimento na ferrovia, de que servem as lágrimas de crocodilo e os lamentos hipócritas pela desertificação?”, questionou.

Paula Santos, presidente do grupo parlamentar do PCP, falou do interior como “uma região fustigada pela perda de população, pelo encerramento de serviços públicos e pela destruição dos postos de trabalho”.

“Uma região de enormes potencialidades e riquezas que podem e devem ser aproveitadas para o seu desenvolvimento económico e social, para criar empregos com direitos, fixar populações, protegendo e salvaguardando o valiosíssimo património cultural”, sublinhou a dirigente.

Paula Santos destacou ainda as dificuldades existentes no território, algo que “tem levado muitas pessoas a procurar melhores condições de vida noutras regiões do pais ou no estrangeiro”.

“A introdução de portagens nas ex-scut’s prejudica a população, com custos acrescidos nas deslocações, como constitui um entrave ao desenvolvimento da atividade económica, penalizando micro, pequenas e médias empresas”, vincou a dirigente.

À semelhança de Paulo Raimundo, também Paula Santos falou no incêndio que fustigou o PNSE, deixando uma mensagem ao Governo devido aos “anúncios e promessas” que o mesmo fez.

“Importa perceber o que foi feito e o que está por fazer. O que foi feito na recuperação da área protegida? Que apoios foram atribuídos aos pequenos produtores e agricultores? Que medidas foram tomadas para não perder o potencial produtivo?”, questionou ainda a presidente do grupo parlamentar.

Paula Santos revelou que este é um dos aspetos que o partido pretende avaliar, durante as jornadas, “junto das populações dos pequenos produtores e de entidades com intervenção na área da proteção da natureza”.