Enxurradas em Manteigas fora de programas de apoio: AM exige tratamento idêntico a outros locais

A Assembleia Municipal de Manteigas, na reunião de 30 de junho, sexta-feira, aprovou por unanimidade, uma moção em que exige ao Governo o reforço de apoios para fazer face aos prejuízos causados pelas enxurradas que aconteceram no concelho, na sequência do grande incêndio do ano passado.

O documento foi apresentado pelo grupo municipal do PSD e refere que, “o grande impacto do incêndio na região e no país”, levou à criação de três fundos de apoio “que se estão a revelar insuficientes”, vincando que “é urgente reforçar os acordos com a Agência Portuguesa do Ambiente e ICNF”.


No documento recorda-se a enxurrada de 13 de setembro, que aconteceu na sequência do incêndio, mas cujos prejuízos não foram contabilizados nesse âmbito e também ficaram fora dos apoios às intempéries que aconteceram em dezembro e janeiro noutros locais do país, motivo para a Assembleia Municipal de Manteigas exigir justiça.

“Para fazer face a estes prejuízos de monta era expectável que o Governo tivesse a mesma sensibilidade, ao mesmo nível da que teve com os incêndios. Era mesmo imperioso, por motivos de justiça social e de coesão, que os temporais de setembro no concelho de Manteigas, tivessem do Governo idêntico tratamento e apoio aos dos temporais que aconteceram em dezembro e janeiro em outros locais do país”, está descrito na moção.

Luís Pedro, eleito do PSD que apresentou o documento, recordou ainda o encerramento da EN 338 (Manteigas/Piornos), devido ao risco de derrocada na sequência do incêndio, defendendo que, também neste caso, os prejuízos deveriam ter apoios.

“Os incalculáveis prejuízos para a economia local, que resultam do fecho desta estrada, deveriam também ser devidamente avaliados e compensados por motivo de justiça e coesão territorial”, disse.

Situações que levam a Assembleia Municipal, que aprovou o documento por unanimidade, a “dirigir um forte apelo ao Governo para que, uma vez mais, seja sensível para com as populações e os territórios mais desfavorecidos, avaliando todos os prejuízos e promovendo novos contratos programa para fazer face às situações descritas”, conclui.

Sobre esta matéria o grupo de Cidadãos Eleitores Manteigas 2030, lamentou “que se tenha que recorrer a este tipo de documentos para que seja feita justiça, comparativamente, com outras localidades do país, nomeadamente as que estão mais perto do Governo. Governo que, não é de agora, não dá atenção à interioridade apesar das constantes intervenções sobre a inclusão da população do interior e até a criação de um ministério próprio”, reforçou.

Flávio Massano, presidente da Câmara Municipal de Manteigas “solidarizou-se” com a moção, mostrando o descontentamento por Manteigas ter ficado de fora destes apoios.

“Qualquer município que passe o que nós passámos e que tenha tido abertura do Governo, que teve, mas que tenha ficado de fora, como ficou de certos apoios, é obvio que não me deixa contente. Já o fiz chegar a várias instâncias do Governo, mas se for feito por todos, tanto melhor”, disse.

A moção foi aprovada por unanimidade e será remetida ao Presidente da República, Primeiro Ministro, ministros do Ambiente, Administração Interna e Coesão Territorial, ao ICNF, Agência Portuguesa do Ambiente, Grupos Parlamentares, CIM-BSE e jornalistas.