Uma grande parte da água perdida no concelho de Belmonte diz respeito a consumos “oferecidos” sem o consentimento da autarquia.
Um eufemismo utilizado por Paulo Borralhinho, vice-presidente da Câmara Municipal de Belmonte, durante a reunião da Assembleia Municipal que decorreu esta manhã, para se referir a ligações fraudulentas que existem no concelho.
Esclarece que a autarquia criou um serviço para fazer esta fiscalização e que já foram levantados “alguns autos” e “muitos outros se seguirão”.
O tema, que dominou grande parte do período antes da ordem do dia, foi introduzido pelo Grupo Municipal do PSD.
Telma Neves muniu-se de dados de 2021 da Entidade Reguladora de Saneamento, Água e Resíduos (ERSAR) para apontar os 62% de água tratada que a entidade considera perdida no concelho.
Um número que não corresponde à realidade, apontou o vice-presidente. Alertando que nesta percentagem está a água que é consumida em algumas entidades que não têm contador e que por isso não é contabilizada. Uma situação que também vai ser alterada, esclareceu Paulo Borralhinho.
“Esse é o valor que aparece porque tem a ver com o que é o faturado em alta e com o que vendemos”, disse.
Telma Neves (PSD) sustentou ainda que o aumento do custo da água penaliza os munícipes, sem resolver estas questões.
“Em vez de resolver o grave problema de falta de eficiência da rede de distribuição o executivo cobra aos consumidores, pedindo-lhes que paguem o que o executivo não tem capacidade para resolver”.
Na sua intervenção Telma Neves disse ainda que se espera que a verba resultante do recente aumento de 40% no preço da água seja aplicada, “com rigor”, entre outros, na “fiscalização e manutenção da rede”.
O Grupo Municipal do PSD entregou ainda um requerimento à mesa da assembleia para que sejam disponibilizados um conjunto de documentos sobre a questão da água, nomeadamente sobre a transferência da “Águas do Zêzere e Coa” para a “Águas Vale do Tejo” em 2015, bem como diversos mapas financeiros e de consumos dos últimos três anos, para que, “com clareza”, de esclarece esta matéria.
“O elevado aumento da fatura da água tem vindo a afetar o orçamento das famílias. Aumentos que ninguém percebe, ninguém entende e ninguém dá uma explicação clara, rigorosa e sensata”, sublinhou Humberto Barroso (PSD).
Paulo Borralhinnho garantiu que a autarquia “se equipou” e está a fazer a fiscalização a possíveis “derivações” ilegais que existam para se reduzir essas perdas.
Reconhece que há muitas fugas devido ao envelhecimento da rede e que a sua substituição será o cenário ideal, mas para já não há verba.
“No imediato a questão das perdas tem que ser combatida por esta via”, disse.
Sobre o aumento frisa que reflete a lei que obriga a que se cubra pelo menos 90% dos custos. Por outro lado, relembra que, apesar do aumento, “Belmonte continua a ter das águas mais baratas do país”.