Turismo foi o tema escolhido pelo Grupo Municipal do PS para o segundo debate na Assembleia Municipal da Covilhã, considerando que este é “fulcral na estratégia de desenvolvimento da Covilhã”.
João Flores Casteleiro (PS) na intervenção inicial do debate sublinhou as assimetrias que existem, também, no setor do turismo, onde apenas Évora, Covilhã e Viseu, em todo o interior do país, ficaram acima das 200.000 mil dormidas.
Apontou o “crescimento do setor na Covilhã” que este ano “deve, muito provavelmente, ultrapassar as 300.000 dormidas”.
Sublinhando que a Serra da estrela é o ex libris do turismo na região, vincou que há 10 anos “a Covilhã deixou de viver de costas voltadas para a Serra e “apostou na sua valorização turística”, recordando os quatro miradouros criados e, por exemplo, a identificação de mais de 200 km de percursos pedestres.
Nesta matéria sublinha que “urge corrigir o erro cometido em 2013 que retirou à Serra da Estrela a autonomia fundamental ao seu desenvolvimento, criando para tal um polo específico que priorize o aumento da sua atratividade, questionando «Estamos juntos nessa luta?»”
Apontou outros fatores para visitar a Covilhã como a Arte Urbana, “uma marca distintiva”, o novo Museu da Covilhã, “outro caso de inquestionável sucesso” elencando, ainda, outros projetos em curso que o PS olha com a “maior das expectativas: o projeto “Covilhã, História entre Ribeiras”, o projeto de turismo mineiro para “reconhecer devidamente o papel que as Minas da Panasqueira tiveram e continuam a ter na história da Covilhã”.
Vincando que “há muito por fazer” e “problemas para resolver” referiu os acessos à Serra da Estrela e os constrangimentos verificados no último inverno, concluindo que “estes debates devem servir, sobretudo, para falar sobre os problemas e discutir soluções para os mesmos”, deixando o “repto” para a apresentação de ideias e propostas que sirvam “para mitigar este obstáculo ao desenvolvimento turístico”.
“O que defendem para o alto da torre? Criar mais zonas de estacionamento? Ou são a favor do corte de trânsito rodoviário entre os Piornos e a Lagoa Comprida? Ou defendem que se pague para subir à Torre?
Recentemente o governo instou a Turistrela a apresentar um projeto para potenciar o turismo no maciço central. Qual a vossa opinião sobre esse projeto? São a favor dos teleféricos como forma única de acesso à Torre? Ou como forma complementar? Ou são contra os teleféricos?
Faço-vos este desafio de dizerem aqui o que defendem para o desenvolvimento da nossa serra. Não desperdicemos a oportunidade de expor as nossas ideias e de as colocar a debate. Só assim chegaremos à melhor solução”, disse.
Fernando Pinheiro (A Covilhã tem força) considerou o debate “uma mais-valia”, sublinhando que na sua opinião nem sempre têm que se apresentar soluções, “é do confronto de ideias que nasce essa solução”, sublinhou.
Defendeu que neste setor a aposta tem que passar por “Turismo da Saúde”.
“Não é por acaso que temos uma zona que se chama Penhas da Saúde e temo-nos esquecido disso. Temos que nos lembrar que o ar puro continua a ser uma procura constante e cada vez mais pode ser uma mais-valia no confronto com as praias. Tenhamos a coragem de apostar nesse turismo da saúde”.
Vítor Reis Silva sublinha a importância de divulgar percursos pedestres, com observação e preservação da flora e fauna e a aposta em produtos regionais certificados, promovendo-se “a diversificada e rica gastronomia regional”.
Defende uma política para o turismo que privilegie “a diversificação do produto turístico”.
“A integração do turismo em espaço rural, patrimonial, ambiental entre outros, contrariando a tendência atual da oferta de um único produto”, disse.
“Um turismo que aposta na requalificação dos núcleos urbanos das cidades, vilas e aldeias e na manutenção do seu património arquitetónico e paisagístico, incentivando a recuperação das habitações tradicionais para a prática de turismo rural e turismo de habitação”, apontou.
Para a Serra da Estrela o eleito defende “a redução da pressão automóvel, com implementação de sistemas de transporte alternativos não poluentes”
Adolfo Mesquita Nunes (CDS), que foi Secretário de Estado do Turismo, recordou que o atual detentor dessa pasta é natural da Covilhã, aludindo que tal como ele também Nuno Fazenda será candidato à Câmara Municipal e sobre a extinção do polo da Região de Turismo da Serra da Estrela em 2013, aludida por João Flores Casteleiro, afirma que “poderemos então discutir porque não foi reposto o polo de turismo”. “Cá estaremos para fazer esse debate”.
Defende que “não estamos juntos” nessa criação porque “não precisamos de políticos, enfiados em polos de turismo a gastar orçamentos para viajar e em feiras. Precisamos é de liberdade para o setor privado prosperar e para o setor crescer”, disse.
Analisando os números, defende que o turismo na Serra da Estrela cresceu mais, com mais lucro, rentabilidade e projeção sem o polo de turismo do que com ele e por isso não, não estamos na mesma linha”, sublinhou.
Mesquita Nunes defendeu ainda como opções a promoção, “com criatividade”, da arte urbana, a aposta no marketing digital ao invés de apostar em telenovelas e uma agenda cultural e turística 365 dias por ano.
Lino Torgal (PSD) reconheceu que os números do turismo cresceram, mas há problemas de fundo por resolver.
Aponta que “metade das Penhas da Saúde não tem saneamento básico, o plano de ordenamento não existe”, frisando que “as Penhas da Saúde estão esquecidas”. Aponta que na Serra “não há aposta em infraestruturas”.
Realça ainda como problema o estado da estrada de acesso à Serra da Estrela.
“Enchemos a boca que somos o principal acesso à Serra da Estrela, mas também os que temos a estrada em pior estado, com bermas desniveladas em 20cm. O que se faz lá é passar tinta para remendar buracos”, disse, frisando que “é disto que se fala, infraestruturas”.
Critica também a falta de divulgação dos percursos pedestres em plataformas especializadas e em diversas línguas, como fazem municípios vizinhos.
Como propostas fala em renovação de redes elétricas, telecomunicações e criação de ciclovias, tal como consta numa moção proposta pelo PSD e aprovada na última Assembleia Municipal, recordou.
A terminar o debate, Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, destacou que a Covilhã duplicou os proveitos com o turismo em 10 anos.
“Hoje em dia tudo passa por sopesar a importância da economia nas atividades que desenvolvemos e esta é uma das nossas grandes atividades. A verdade é que em 2013 tínhamos quase nove milhões de euros de proveitos e hoje temos 17,5 milhões, duplicámos”, disse o autarca, concluindo que a Covilhã “é a potência turística do Interior de Portugal”. “Depois de Évora só a Covilhã tem proveitos desta magnitude”.