Moradores da Biquinha contra o estacionamento hipotecado aos agentes do futebol

Um grupo de moradores do bairro da Biquinha acusa o Município de “privatizar” lugares de estacionamento na zona envolvente para as equipas de futebol. Em causa estão um total 38 lugares e a supressão de outros 13 na Rua do Operário devido às obras no Estádio Municipal José Santos Pinto. A declaração foi feita na passada sexta-feira, na reunião pública da Câmara Municipal da Covilhã.

Nuno Almeida, porta-voz do grupo, afirmou que “restam 13 lugares disponíveis nos dias de jogos para os moradores, sendo este local serventia de 23 fogos”. Segundo o porta-voz, desde que o futebol se deslocou para o Santos Pinto que o transtorno é de “365 dias por ano”, e não de 15 em 15 dias como afirma o executivo camarário.


Entre os 38 lugares de estacionamento estão 15 lugares destinados à equipa visitada – o Sporting Clube da Covilhã. “É uma manobra da autoria de uns para servir outros”, afirma o munícipe, acusando a Câmara Municipal de privatizar espaço público para dirigentes, autoridades e demais pessoas afetas à prática desportiva do estádio Santos Pinto.

Desta forma, os moradores “exigem que a Câmara tenha boa fé, boa vontade e bom senso” de maneira a resolver um problema que já não é novo. “Nós, munícipes, queremos que os serviços da Câmara nos apresentem onde foram buscar os 15 lugares para a equipa visitada”, vincou.

Jorge Vieira, diretor do departamento de obras e planeamento da Câmara Municipal, afirmou que, apesar de ser o município a ter “as competências em matéria de estacionamento público” e de o Sporting da Covilhã “não ter competências para intervir no espaço público exterior ao estádio”, a Câmara apenas executou aquilo que lhe foi pedido pela Liga.

“Aprovado pela Liga de Futebol, por proposta do Sporting Clube da Covilhã”, à Câmara Municipal apenas foi pedido que executasse, adiantou o diretor. Jorge Vieira disse ainda que “a Câmara Municipal não foi ouvida nem achada” no processo.

Por seu lado, Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal, afirmou que esta situação “transcende” o executivo. “É o Sporting e a Liga que nos apresentam um layout” e apresentam “motivos de segurança” para que os lugares hipotecados tenham essa proximidade relativamente ao estádio.

O presidente do Município esclareceu que “a boa vontade é total” e que irá “conversar com o senhor presidente do Sporting Clube da Covilhã e propor-lhe alguma flexibilidade” para que o clube proponha à Liga uma alteração aos lugares afetos ao clube.

Jorge Vieira garantiu, ainda assim, que o município irá instalar “placas adicionais na sinalização vertical a identificar que o período de utilização pela entidade é entre as 8:00 e as 24:00 nos dias de jogos”, mesmo achando que tal “não era necessário” por haver muitos lugares de estacionamento na zona envolvente.

Os moradores recordaram ainda que este ano o clube covilhanense compete numa prova da FPF (a Liga 3) e não da Liga de Clubes.