No dia de aniversário da cidade a Câmara Municipal da Covilhã homenageou a UBI e nove personalidades do concelho que contribuíram de forma “impressiva, determinante e impactante para desenvolver o concelho e para ajudar a levar o nome da Covilhã muito mais longe”, sublinhou Vítor Pereira durante a cerimónia, que decorreu esta sexta-feira à tarde.
Apontou que esta é uma singela e humilde homenagem a quem contribuiu para engrandecer a longa e prestimosa história do concelho.
“É uma justíssima homenagem da Covilhã a personalidades ímpares, um reconhecimento do seu percurso de vida, dos exemplos, do mérito, da capacidade, do engenho, da arte, da ousadia e da criatividade”, disse.
Vítor Pereira elogiou individualmente cada uma das personalidades homenageadas, começando pelos que receberam a medalha de mérito grau prata.
A António Dias dos Santos, conhecido empresário que fundou a Padaria Dias, elogiou o “percurso de vida invejável”. “O seu percurso começou bem antes e inclui lutas operárias, representação sindical e uma grande paixão pelo desporto”, sublinhou.
António Dias, agradeceu a distinção com um simples “obrigado a todos”, deixando a intervenção institucional para o seu filho. Este deu conta que a Padaria Dias já vai na terceira geração da família, tem mais de 30 funcionários, destacando os inúmeros prémios ganhos em vários países, incluindo o de melhor Pão do Nutricional e Biológico do mundo, atribuído ao pão Rosa Negra.
“Eram precisos mais homens assim”, disse.
Sobre Catarina Gomes e Rui Gomes, da empresa J. Gomes, Vítor Pereira sublinhou que “imprimem garra e fibra em tudo o que fazem”, detalhando que mesmo depois do incêndio que afetou a empresa em 2022, “recuperaram e puseram em marcha novos projetos”
Catarina Gomes, agradeceu a distinção, afirmando que é um orgulho ser covilhanense e carregar o espírito de resiliência “que nos carateriza”. Apontou que na Covilhã “se fazem coisas fantásticas, só não se sabem vender”. “Não é por estar no interior que temos menos capacidade e a J Gomes tem sido exemplo disso”, disse.
Rui Gomes, apontou que fazer o que se gosta e ser reconhecido por isso é um orgulho. Deu conta que o objetivo da empresa é tentar deixar o mundo “um bocadinho melhor”, daí a aposta na reciclagem têxtil, salientando que “com o desperdício se fazem coisas boas bonitas”.
Sobre Fernando Lucas, conhecido por ser bombeiro e antigo comandante da corporação covilhanense, Vítor Pereira detalhou o vasto currículo ligado aos bombeiros, sublinhando que este “nunca virou as costas à causa, a sua dedicação é exemplar”, disse.
O antigo comandante dos BV da Covilhã, no seu discurso de agradecimento, disse que “nada é mais gratificante na vida de um homem que o reconhecimento”, porque se reconhece que os seus atos, marcaram a vida de uma comunidade. “Confirma e aumenta ainda mais a minha dedicação e o trabalho para com a causa dos bombeiros”, disse. Partilhou a homenagem com todos os bombeiros com quem trabalhou, em especial os que perderam a vida, bem como com a direção da corporação.
Sobre Jaime Alberto, empresário que dá nome “a uma das empresas de maior sucesso da Covilhã”, no ramo da distribuição alimentar, sediada na Covilhã e a trabalhar para todo o país, Vítor Pereira disse que é o exemplo de que se “pode construir o sucesso sem esquecer as raízes, contribuindo assim para alavancar o sucesso da sua terra”.
Jaime Alberto, depois de receber a distinção, disse que nesta estão incluídos os 240 trabalhadores da empresa que muita a prestigiam. “Vivem a empresa com o entusiasmo que eu vivo e só assim é que é possível”, frisou.
Jerónimo Leitão, médico, foi apresentado como um exemplo de “abnegação e de entrega ao SNS, mas também aos doentes”. Vítor Pereira elogiou ainda o facto de este, depois de concluir o seu curso, ter regressado à sua terra e ao longo da carreira ter atendido muitos dos doentes sem nada cobrar. “Gosto de dizer que é o nosso João Semana. Digo-o como um elogio que quer enaltecer o homem e o profissional”, disse.
Já depois de receber a Medalha o médico dividiu-a em três. Uma para si, outra para as duas grandes equipas com quem trabalhou, frisando que foi graças às enfermeiras e administrativas que conseguiu organizar o seu plano de consulta. A terceira parte foi para as várias gerações de utentes que seguiu. Considerou que é “enternecedor” o carinho que ainda hoje recebe de todos.
“Eu diria que não sou médico de família, sou um membro da família delas”, sublinhou.
Júlio Repolho, ex-autarca e mestre serralheiro tem 86 anos e uma “história de vida com muitos momentos para destacar”, disse o presidente. A ele se deve “o desenvolvimento de soluções, máquinas e engenhos que deram resposta aos problemas de tantas fábricas da nossa Covilhã e não só”, sublinhou, sem esquecer que este foi também autarca, com o cargo de tesoureiro, na extinta freguesia de S. Pedro.
João Paulo Repolho, agradeceu a distinção em nome do pai, afirmando que este foi sempre “um homem que trabalhou na sombra, tanto na política como no associativismo e no meio empresarial”. “É com pessoas assim que as coisas avançam” disse. Descreveu-o como um homem de visão. Considera que a distinção é uma boa lembrança que fica para a família.
Luís Dias, falecido em Lisboa em 199, foi homenageado a título póstumo “porque jamais devemos esquecer aqueles que merecem o nosso reconhecimento”, justificou Vítor Pereira. Foi notário e advogado em Moçambique. Foi também um dedicado investigador histórico, destacando-se seis volumes da obra “História dos Lanifícios (1750-1834) – Documento”, que “são fundamentais para conhecermos melhor a nossa história e a história de um dos setores em que sempre nos destacámos”, apontou.
Henrique de Carvalho Dias, filho do homenageado, foi quem usou da palavra durante a cerimónia. Realçou que o seu pai era um “covilhanense dos quatro costados”, dando conta que este nunca perdeu a sua ligação à terra natal. “Ainda hoje mantemos a casa de família na cidade”, salientando o “apreço que este tinha pelos seus conterrâneos”.
Com a medalha de mérito categoria ouro foi distinguido Arnaldo Saraiva. Professor universitário jubilado, investigador, ensaísta, cronista e poeta. “Um marco de excelência no mundo académico”, “um dos mais bem-sucedidos na sua área, mas mesmo assim não esquece as suas raízes. Não esquece Casegas, onde nasceu e onde viveu a sua meninice, nem esquece a Covilhã”, frisou Vítor Pereira, afirmando que com a sua forma de ser e o seu prestígio “enobrece o concelho”.
O próprio homenageado, depois de receber a medalha, mostrou orgulho em ser covilhanense e beirão. “O que sou devo-o à gente de quem nasci” disse. Conta que ficou na região até aos 17 anos “porque não havia UBI se não tinha ficado sempre aqui”, uma instituição que, de “alguma maneira, salvou a Covilhã”, disse.
Após reconhecer as injustiças que se fazem ao interior, sublinhou que “os beirões do interior não são menos dignos, precisam é de ganhar consciência que têm de lutar pelos seus direitos”.
A UBI recebeu a Chave da Cidade, a mais alta distinção do concelho. Vítor Pereira destacou, na sua intervenção, que esta é “um polo agregador”. Falou na excelência dos seus cursos e dos seus docentes, dos funcionários e alunos.
“Um fator de dinamização da nossa economia e das nossas empresas”, sublinhou.
“Hoje entregamos a chave da cidade a uma instituição que tão bem tem sabido guardar o que de melhor a nossa cidade tem”, concluiu.
Mário Raposo, Reitor da UBI, afirmou que esta distinção reconhece a “nossa e vossa” universidade, destacando-a como uma instituição que ao longo dos anos se soube afirmar a nível nacional e internacional, apoiada em crescimento sustentado, contribuindo para a transformação da Covilhã, e zonas envolventes, em zonas de atratividade.
Deu conta da importância que teve, à época, a descentralização do ensino superior, trazendo-o para a Beira Interior, o que possibilitou que pessoas com menos recursos pudessem estudar.
“Com o ensino superior a era do conhecimento tinha finalmente chegado à nossa cidade e com isso surgiu a refundação da cidade da Covilhã e da região. O país deu os sinais de mudança necessária para o desenvolvimento, que teve a consolidação com o 25 de abril de 74”, disse
Mário Raposo não tem dúvidas que a entrega da Chave da Cidade é o reconhecimento do esforço de todos os que passaram pela UBI, e fará, a partir de agora, parte integrante da sua história.