Um dia de homenagem, emoção, lágrimas e saudade. Assim ficou marcada a tarde desta quarta-feira, dia 18, na Covilhã, com as emotivas homenagens prestadas ao agente da PSP Fábio Guerra, assassinado em março de 2022 e ao GNR Sérgio Russo, morto em serviço em 2004.
As homenagens foram promovidas pela Câmara Municipal da Covilhã, e contaram com a presença da Secretária de Estado da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, que representou o Ministério da Administração Interna.
Depois de celebrada a Eucaristia, já por si emotiva, foi o testemunho das crianças da Escola Básica dos Penedos Altos que deixou os presentes rendidos à sinceridade de um “obrigado”.
“Queremos expressar a nossa sincera gratidão por teres zelado pela nossa segurança. Lamentamos profundamente não termos conseguido manter-te mais tempo entre nós. Partiste cedo demais. Para todos nós eras, e continuas a ser, um exemplo a seguir”, leu o jovem Pedro. Apontou a lealdade, simplicidade e entrega, como qualidades que os inspiram.
O jovem garantiu, em nome das crianças da escola onde também Fábio Guerra estudou, que sempre que passarem pelo largo que agora tem o seu nome, ele será recordado.
“O teu espírito viverá nos nossos corações e a tua memória será um farol de inspiração para todos nós”, frisou.
Palavras que emocionaram muitos dos presentes, em especial a família mais direta do agente assassinado, de forma violenta, em março do último ano.
Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, frisando que falava na ocasião em nome de todo o executivo, Assembleia Municipal e covilhanenses, afiançou que esta é “uma justa homenagem” a um “jovem de afetos”, que não será esquecido.
“Nós não nos esquecemos do Fábio. É por essa razão que o erigimos como exemplo. É injusto que tenha sido brutalmente ceifado antes de progredir mais na sua vida, antes de levar mais longe o seu sonho, o sonho de ser polícia, defender pessoas e bens”, disse o autarca, sublinhando que “cidadãos como o Fábio têm que ser enaltecidos e ser uma grande referência para todos nós”.
O autarca vinca que atribuir o nome de Fábio Guerra ao largo em frente à escola do seu bairro é “perpetuar a sua memoria, porque é digna de registo”. “Ele entregou a sua vida em serviço, em missão. Tombou a defender quem estava indefeso”, recordou.
Por parte da PSP usou da palavra o Inspetor Paulo Jorge Pereira, que sublinhou a importância da homenagem para a PSP e para os policias uma vez que perpetua os valores que defendem.
“É perpetuar através deste ato os valores de justiça, coragem, respeito pela vida de terceiros e pelo dever que tinha como polícia de defender a vida dos outros. É perpetuar a memória e ser um exemplo para os demais”. O responsável garante que o agente “não foi, nem será, esquecido”, vincando que “a atitude e comportamento do Fábio deve ser recordado como um exemplo em defesa dos cidadãos”.
Patrícia Gaspar, Secretária de Estado da Proteção Civil, sublinhou que esta é uma homenagem a “alguém que honrou o seu país e a suas gentes”. Um ato para que “perdure a memória de alguém que cumpriu a sua missão”, considerando-o “um bom exemplo para os jovens da sua terra”.
“A PSP não vai esquecer, a Covilhã não vai esquecer, o Governo não vai esquecer. Que fique sempre a boa memória do Fábio”, concluiu.
No final da homenagem a mãe de Fábio Guerra recebeu, muito emocionada, desenhos feitos pelas crianças da escola em homenagem ao agente.
Um dia de saudade que se prolongou até Cortes do Meio, terra natal do GNR Sérgio Russo, morto a tiro enquanto estava de serviço em 2004.
Maximiano Vaz Alves, Comandante da Escola da GNR, sublinhou a memoria do “camarada, amigo e herói” que cumpriu a missão até ao limite, dando sua vida.
De forma precisa descreveu o modo como o guarda Sérgio Russo foi morto, em 2004, quando tentava defender alguém que tinha uma arma apontada à cabeça. Ele próprio acabou por ser ceifado a tiro, sem ter sequer disparado.
“Estamos gratos ao seu filho e consideramo-lo para sempre um herói”, disse diretamente a Maria Rosa, mão do guarda.
“Cumpriu até ao limite a sua missão, dando sua vida. O seu filho foi, e é, um herói”, vincou.
Jorge Viegas, presidente da Junta de Freguesia de Cortes do Meio, recordou o jovem amigo, considerando que esta é “uma justa homenagem”, disse.
Explicou que escolheram o largo à entrada da aldeia porque é circundado por granito que espelha a sua personalidade. Relembrou “a força que o acometia todos os dias e a forma como se deu às associações”, recordando-o como jogador e treinador do Grupo Desportivo das Cortes.
Reforçou que a homenagem serve para recordar “o esforço do Sérgio em servir a comunidade” e que este não tenha sido em vão. “Que todos continuemos o seu exemplo”, apelou, sublinhando que “foi ao serviço da comunidade que ele perdeu a vida”.
Vítor Pereira presidente da Câmara Municipal da Covilhã, sublinhou a justiça da homenagem para perpetuar no tempo a memória, e a honra, que se deve ao militar.
Aos jovens apontou que estes trágicos acontecimentos não os devem desencorajar de seguir o sonho de vestir uma farda.
Sublinhou a “eterna gratidão de todos”, esperando que quem passe no local o recorde “e lhe renda homenagem”.
Patrícia Gaspar, à semelhança do que tinha feito nos Penedos Altos, vestiu, numa primeira instância, a farda de militar para recordar os valores que se defendem quando se jura bandeira, e numa segunda fase falou como mãe, para outra mãe que sofre com a ausência do filho.
“Quero agradecer a sua força, o facto de estar aqui hoje connosco, disse, reforçando que “até para estar aqui é preciso força, é o reviver. Como me disse parece que foi ontem. Foi há 19 anos, e esta homenagem, permite que todas as próximas gerações, mesmo que não saibam quem foi, vão procurar saber.
Para a governante colocar uma placa com o nome do guarda naquele local, com a bela paisagem como pano de fundo, é “garantir que o Sérgio ficará para todo o sempre em Cortes do Meio, bem acompanhado”.
Dizer que estas homenagens integram o programa das comemorações dos 153 anos da elação da Covilhã a cidade.