A Assembleia Municipal da Covilhã reuniu hoje (20), em sessão solene, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, para assinalar os 153 da cidade.
A sessão ficou assinalada pela exaltação dos valores do passado, por um lado, e por críticas à gestão do Partido Socialista, por outro lado.
Fernando Pinheiro, eleito da coligação “Covilhã tem Força”, realçou que as transformações, na Covilhã, “conduziram a região à reflexão e ação, de forma aproveitarem a chegada do mundo digital, inteligência artificial e indústria têxtil”.
“Esta é a imagem de uma cidade do design e da criatividade. É o corar deste tempo que modernizou a cidade e a modelou de uma cidade exclusiva do têxtil para uma cidade do novo tempo”, frisou.
Fernando Pinheiro destacou ainda as áreas da saúde e do ensino, “aclamadas e reconhecidas além fronteiras”, admitindo, no entanto, que é necessário mais oportunidades e desenvolvimento.
Mónica Ramôa, do grupo municipal do PCP, salientou que é altura de questionar “se a Covilhã tem promovido o bem-estar e o desenvolvimento da sua população”, frisando que a cidade continua a não conseguir que “o futuro permaneça cá”.
Para a deputada municipal, a relação entre a cidade e a sustentabilidade é “crucial para o bem-estar das gerações atuais e futuras”.
“Uma cidade sustentável é aquela que consegue equilibrar o desenvolvimento económico, social e ambiental, atendendo às necessidades das gerações presentes e sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas próprias necessidades”, vincou.
Como exemplo, Monica Ramôa disse ser urgente “acabar com a pobreza energética, num território onde o inverno continua a ser tão rigoroso”, realçando, ainda, a mobilidade, que cumpre um papel determinante.
“O transporte sustentável só é possível se o transporte público for sustentável e se atender às necessidades das populações. Não adianta pensar a mobilidade publica conjugando os verbos no passado”.
Por parte do CDS, usou da palavra António Freitas, que afirmou que a “Covilhã é vendida, politicamente, como uma terra segura, uma terra de oportunidades, uma terra de futuro e uma terra criativa”, destacando, para provar o contrário, a falta de autocarros no novo sistema de mobilidade, o aumento da tarifa da água e promessas de rendas acessíveis, que considera “insuficiente para a espera suportável por qualquer cidadão”.
Na sua intervenção, António Freitas considera a Covilhã como uma cidade com elevados custos de vida, sem estratégias de fixação de pessoas, sem redução de impostos e sem medidas de natalidade.
À semelhança das intervenções anteriores, também Luís da Silva Rodrigues, em nome do PSD, criticou o sistema de mobilidade.
O deputado considera o tarifário do estacionamento “desajustado à cidade e região”, no qual “os preços praticados são mais caros do que em Viseu ou em muitas zonas de Lisboa, por exemplo”.
Luís da Silva Rodrigues abordou ainda o IC6, “uma obra prometida e pensada há mais de 30 anos para ligar a Covilhã a Coimbra, mas que ainda não aconteceu”.
A requalificação das Penhas da Saúde foi outros dos temas destacados pelo grupo municipal do PSD, que refere que a Covilhã é a única cidade em Portugal com condições excecionais para ter uma aldeia de montanha, algo que “tarda em acontecer”.
Vânia Neves, que usou da palavra em nome do PS, afirmou que a Covilhã é uma cidade de referência, apresentando, como primeiro exemplo, o turismo.
“A Covilhã sempre se caracterizou por ser uma cidade industrial e fabril. Só mais recentemente apostou no turismo. Hoje, somos procurados por inúmeros turistas portugueses e estrangeiros, não só pela beleza da nossa encosta, mas também pelos museus e pela nossa história”, frisou.
Vânia Neves realçou ainda a aposta no associativismo, vincando os apoios anuais oferecidos através de um regulamento municipal, que, segundo a deputada, “permite que as associações promovam atividades dentro e fora da cidade, levando o nome da Covilhã além fronteiras”.
O grupo municipal do PS falou ainda na área da saúde, sublinhando que o Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira está classificado como “um hospital de excelência, com uma grande capacidade de resposta a unidades locais de saúde vizinhas, que tem estado à altura das exigências e adversidades”.
“Não podemos deixar de reconhecer o aporte económico que esta infraestrutura emana à nossa cidade”, vincou.
João Casteleiro, presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, abordou o aumento da inflação, do custo de vida, do preço dos combustíveis e do valor das rendas, sublinhando que tais fatores exigem uma “profunda reflexão e a tomada de consciência de que as instituições têm de funcionar”.
“Saúdo todas as associações e instituições de solidariedade, as IPSS, cujo trabalho, em parceria com a Camara Municipal da Covilhã, tem desenvolvido um esforço e ação notáveis, não só na cidade como na região”, destacou.
Na sua intervenção, deixou ainda uma palavra de agradecimento a todos os covilhanenses “que, de forma digna, têm colaborado na construção de uma cidade multicultural, onde convivem vários credos, raças e etnias numa simbiose de verdadeira partilha intercultural”.
Para João Casteleiro, a cidade da Covilhã “é hoje uma cidade colorida, uma cidade inspiradora, uma cidade do conhecimento, uma cidade de fecundas iniciativas que ganhou prémios pelo mundo fora”.
Relembrou a Universidade da Beira Interior (UBI), “colocada sistematicamente em lugares cimeiros nos rankings mundiais”, o CHUCB como um centro hospitalar que “não regateia esforços, com profissionais que colocam, verdadeiramente, o doente no centro do SNS com assistência, ensino, investigação e humanização do melhor que se pratica em Portugal” e ainda “um grupo de empresários têxteis que produz, diariamente, mais de 50 mil metros de tecido de alta qualidade”, um setor comercial “ativo e em expansão”.
Em última nota, João Casteleiro deixou o recado de que “é preciso continuar a apostar nas potencialidades desta cidade inspiradora e que sempre cruzou culturas”.