Poucas semanas depois de ter anunciado a redução do valor das portagens nas antigas SCUTs da A23 e da A25, medida que entra em vigor em janeiro de 2024, Ana Abrunhosa, Ministra da Coesão Territorial, revelou que não existem “condições políticas nem geopolíticas para continuar a reduzir muito as portagens”.
A informação foi avançada ontem aos jornalistas à margem da conferência “Desafios da Mobilidade – Territórios de Baixa Densidade”, organizada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) e que se realizou no Comboio Intercidades Lisboa-Covilhã e no Auditório das Sessões Solenes da Universidade da Beira Interior (UBI).
A ministra, que “continua a defender a redução das portagens nestes territórios”, afirmou, contudo, que essa redução “não deve ser uma medida prioritária de qualquer governo”. “A nossa margem política para o fazer está cada vez mais reduzida”, uma vez que a “prioridade do Governo” é investir na quantidade e qualidade do transporte coletivo, disse.
Referindo-se às reações adversas que surgiram no país, que acusaram o Governo de “fomentar a carbonização”, Ana Abrunhosa afirmou que “a própria Comissão Europeia questiona porque é que estamos a fomentar o uso do transporte individual”.
Dito isto, a Ministra da Coesão Territorial assumiu que a abolição das portagens “está cada vez mais longe de ser uma possibilidade” e que não vê “muito mais margem para continuar a reduzir”.
“Todos acompanhamos o mundo e os problemas que temos em continuar a utilizar os combustíveis fósseis, pelo que o nosso grande esforço deve ser usar transportes coletivos e veículos elétricos”, afirmou.
A redução anunciada justifica-se pela “situação execional” do território, uma vez que não existe “transportes coletivos em quantidade e qualidade”, sendo esse agora o campo de ação prioritário do Governo no que toca a mobilidade.
Ana Abrunhosa lembrou ainda que as empresas de transporte coletivo de passageiros vão ter um desconto nas portagens destes territórios de 65% face aos valores de 2011 durante o dia e um desconto de 70% face a 2011 durante a noite, fim-de-semana e feriados. Desse desconto, a ministra espera “naturalmente que ele se reflita nos passes dos utentes”.