Cerca de 190 crianças de várias escolas dos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, criaram um jogo de tabuleiro, denominado “Jogo da Constituição”, a partir do qual se podem aprender vários aspetos práticos sobre a Constituição da República Portuguesa.
O projeto foi dinamizado pela associação de desenvolvimento Beira Serra, no âmbito do projeto CIVITAS, que teve uma duração de 26 meses e um financiamento de 105 mil euros, suportado pela Fundação Calouste Gulbenkian.
De acordo com Marco Gabriel, gestor do projeto, são abordados, no jogo, temas como os símbolos nacionais, liberdade de imprensa, direito à saúde, educação e cultura, questões de discriminação, órgãos de soberania, eleições ou proteção à velhice.
O objetivo foi “criar uma narrativa de personagens, que aparecem como se de uma história se tratasse, e que se encontram perante situações da vida”.
“Na realidade, quando as crianças se confrontarem com elas, depois de terem jogado o jogo, certamente estarão mais preparadas para decidir o seu futuro e a sua vida”, frisou.
Uma das maiores preocupações, revelou Marco Gabriel e declarações à RCC, foi transcrever a Constituição da República Portuguesa para esta narrativa, sublinhando “nunca foi utilizada uma linguagem técnica, mas sim uma linguagem adaptada para crianças”.
O jogo pode ter um mínimo de dois jogadores e um máximo de quatro, embora possam ser feitas equipas. Existe uma casa de partida e uma de chegada, mas não vence necessariamente quem chega primeiro, mas quem terminar com mais cravos.
Há perguntas diretas, de verdadeiro ou falso, mas também questões sobre a idade mínima com que se pode ser candidato, quais são os símbolos nacionais ou os órgãos de soberania. As cartas de mímica têm palavras como votar, campanha eleitoral ou liberdade, havendo, também, referências à escola pública ou ao Serviço Nacional de Saúde.
O jogo vai ser apresentado hoje, dia 20, por mais de 70 de alunos, na Assembleia da República, perante o presidente daquele órgão, Augusto Santos Silva.
Para Marco Gabriel, este é um projeto que “promove o reforço da literacia democrática e consciência cívica”.
Mostrando-se “muito satisfeito” com os resultados obtidos, o gestor sublinhou que o projeto tem potencial para se desenvolver nos próximos três anos, tendo em conta as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, no próximo ano, e os 26 anos da atual Constituição, celebrados em 2026.
“Vamos tentar divulgar o máximo possível, para que se constitua como recurso para conhecer melhor a Constituição da República Portuguesa e, a partir daí, tenhamos crianças, jovens e adultos a participar na vida em sociedade”, vincou.
O projeto CIVITAS levou não só à criação do jogo, mas também ao “desenvolvimento de inúmeros projetos no âmbito da cidadania política”.
Entre eles, está o projeto “Vamos Votar”, que envolveu mais de 400 alunos e simulou eleições; o “Miúdos na Ordem do Dia”, em que as crianças mostraram a sua visão sobre a sua escola, a sua rua ou a sua cidade e foram à Assembleia Municipal apresentar os seus ideais; e o “Mais Cidadão”, uma campanha produzida pelas escolas, nas quais as crianças puderam desenhar ou fazer a transcriação daquilo que pensavam sobre determinados artigos da Constituição.
No total, a iniciativa envolveu 16 entidades, sete delas agrupamentos de escolas da Cova da Beira.
O “Jogo da Constituição” está à venda a partir de hoje (20) na livraria física e virtual da Assembleia da República. A partir de janeiro de 2024, será feita uma divulgação, junto dos municípios portugueses, para que possam fazer a aquisição e distribuição pelos alunos das escolas do seu concelho.