Todos os anos, são acompanhados entre 120 a 150 novos casos de violência doméstica na CooLabora, que se juntam a outros já sinalizados, perfazendo um total de cerca de 260.
A informação foi avançada por Graça Rojão, diretora executiva da CooLabora, à margem da cerimónia do 16º aniversário, que teve lugar ontem na sede da instituição.
Em declarações aos jornalistas, Graça Rojão revelou ainda que as queixas são, maioritariamente, do sexo feminino, frisando que tem “havido um crescimento da gravidade dos problemas, mas também uma consciência social muito mais forte”.
A faixa etária predominante centra-se entre os 30 e os 50 anos, “o que não significa que as pessoas mais jovens não possam ser vítimas de violência, nomeadamente violência no namoro”.
Existem, no entanto, duas faixas etárias com mais dificuldade em pedir apoio.
“As pessoas mais idosas, porque, para elas, a violência é natural, e as pessoas jovens, porque têm dificuldade em assumir que isso também lhes está a acontecer. Portanto, são duas faixas críticas exatamente por não é fácil reconhecerem a violência e pedirem apoio”, explicou a dirigente.
Reconhecer que se está a sofrer de violência é o primeiro passo, disse Graça Rojão, sublinhando a importância de perceber que a violência pode atingir qualquer pessoa ao longo da sua vida.
Uma em cada três mulheres, em média, é vítima de violência ao longo da sua vida, “por isso, é preciso que as pessoas não se culpem a si próprias por aquilo que aconteceu e percebam que há uma lógica de denominação na nossa sociedade que faz com que, aos olhos de algumas pessoas, a violência seja tão natural”.
Segundo dados da UMAR, APAV, entre outros, não há nenhum recuo na área da violência, principalmente violência no namoro, avançou Graça Rojão, salientando que “há números preocupantes”.
“Foi feito um percurso. É mais fácil hoje as pessoas apresentarem denúncia, mas o facto de haver mais denúncias não significa que haja mais casos de violência, significa é que é menos tolerada pelas pessoas”.
Para Graça Rojão, os 16 anos de existência da CooLabora “são 16 anos de muito trabalho, em que se conseguiu concretizar algumas coisas estruturantes para a vida em comunidade”.
“Conseguimos criar uma resposta no âmbito da violência domestica, uma resposta de apoio psicológico para crianças, ações de formação com profissionais estratégicos e uma de rede violência 0, criada em conjunto com instituições da região”, explicou.
Igualdade de género, direitos humanos e economia solidária são outras das áreas de atuação da CooLabora.