Câmara da Covilhã com 13ME em saldo de gerência. Oposição acusa autarquia de “eleitoralismo”

A Câmara Municipal da Covilhã tem um saldo de gerência de 13 milhões de euros, algo que leva a oposição na Assembleia Municipal a garantir que “era possível fazer mais”.

Para Jorge Vaz, do grupo municipal do PSD, a autarquia “arrecadou 55,5 milhões de euros e gastou 42 milhões de euros, um diferencial que mostra que era possível fazer mais”.


“Parece-nos que há um efeito eleitoralista. É para gastar em 2025 e, portanto, é para acumular saldo”, disse Jorge Vaz (PSD), salientando que também preocupa ao PSD “uma questão teórica”.

“Ouvimos dizer, várias vezes, que a direita tinha como base ideológica que todos os municípios tinham que dar lucro. Eu não consigo tirar outra conclusão deste mapa que não seja essa”, disse.

Jorge Vaz concluiu, questionando de que forma o município pensa aplicar os 13 milhões de euros de saldo de gerência.

Falando em números, João Lopes Bernardo, do CDS, considera que o orçamento não foi executado, no ano passado, em 1,6 milhões de euros.

“Como munícipe, sinto-me defraudado, porque as minhas necessidades enquanto covilhanense não estão a ser satisfeitas”, frisou.

João Lopes Bernardo frisou ainda que o saldo de gerência disponível pode ter a ver “com o facto de o próximo ano ser ano eleitoral”.

“Andamos a amealhar durante 3 ou 4 anos para depois gastar tudo no último? É assim que se gere uma Câmara Municipal? As necessidades dos eleitores só podem ser satisfeitas de 4 em 4 anos?”, questionou.

Pedro Bernardo, da bancada socialista, realçou que o município teve uma redução de 5% na receita fiscal, um resultado importante num panorama em que as famílias precisam de apoio.

“É de saudar que, apesar dessa redução fiscal, o executivo apresente resultados positivos do ponto de vista financeiro. Do lado da despesa vêem-se os resultados em obras”, salientou o deputado do PS.

Pedro Bernardo destacou algumas das obras em curso no concelho, como a estrada Ourodinho-Paul, centros interpretativos, obras no INATEL, reabilitação do parque habitacional e parques infantis, vincando que as obras “não são guardadas para momentos eleitoralistas”.

Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, referiu que o grau de execução orçamental é de 92%, um valor que considera “histórico”.

Durante a sua intervenção, o autarca salientou que o ponto em análise “não se trata de lucros, mas sim de recebimentos e pagamentos”.

“O mapa de desempenho orçamental é relativo à demonstração de fluxos de caixa, que quer dizer recebimentos e pagamentos, ou seja, não se trata de lucros e não andamos a amealhar”, garantiu.

O ponto foi aprovado por maioria, com 3 votos contra (CDS), 10 abstenções (PSD e CDU) e 27 votos a favor (PS e presidentes de junta).

A Assembleia Municipal da Covilhã teve lugar no passado dia 19.