38 anos UBI: Sessão solene marcada por elogios à qualidade do ensino e um pedido ao novo Governo  

A Universidade da Beira Interior (UBI) comemorou ontem, dia 30, o seu 38º aniversário, numa sessão que ficou marcada por elogios à qualidade do ensino, crescente prestígio da instituição, mas também por um pedido ao novo Governo.

Mário Raposo, reitor da UBI, instou ao Governo de Luís Montenegro uma “compensação”, através de um contrato-programa, “pelos desequilíbrios financeiros” causados por 15 anos de subfinanciamento.


“É necessário continuar a corrigir os desequilíbrios financeiros da UBI e nos compense através de um contrato-programa, que possibilite a recuperação das infraestruturas da UBI, a construção de novos espaços pedagógicos, a recuperação das nossas infraestruturas desportivas, a recuperação das nossas cantinas e a estabilização dos nossos recursos humanos, docentes e funcionários, de apoio e suporte”, disse.

Para Mário Raposo, “ao concretizar-se este apoio, a UBI saberá responder, como sempre fez, através de uma escrupulosa utilização dos recursos de uma transparente prestação de contas e um compromisso cada vez mais acentuado para com a região, para com o país e para com a sociedade que nos suporta através dos seus impostos”.

Durante o seu discurso, o reitor da instituição salientou a investigação como uma “pedra angular” da missão da UBI.

“Na UBI, valorizamos a busca pelo conhecimento e pela inovação como instrumentos de progresso. É comumente aceite que a qualidade do ensino ministrado numa Universidade depende da qualidade de investigação desenvolvida e que um ensino de qualidade nas várias áreas do saber potencia a investigação que se pratica na academia. Ao longo dos anos os nossos docentes e investigadores têm contribuído de forma significativa para o avanço do saber, em várias áreas do conhecimento, desde as ciências exatas, às ciências sociais e humanas, ciências da engenharia, às ciências da saúde e nas artes”, vincou.

Atualmente, a UBI encontra-se envolvida em cerca de 158 projetos de investigação, incluindo sete Agendas Mobilizadoras do PRR, envolvendo um financiamento total superior a 27 milhões de euros.

O impacto da instituição na região “é notório e transformador”, disse Mário Raposo, salientando que “o resultado está à vista de todos na Cova da Beira”.

“O resultado está à vista de todos na Cova da Beira, basta comparar o desenvolvimento atual da mesma com a sua imagem passada de há 20 anos atrás: mais habitações, mais urbanizações de qualidade, mais empresas de novos setores de atividade nos parques industriais da Covilhã e do Fundão, mais e melhores organizações públicas e privadas de cuidados de saúde, mais hotéis instalados e em instalação, mais associações de caráter associativo, cultural e recreativo, mais visitantes e turistas, mais atividades culturais nas nossas cidades, mais produtos agrícolas diferenciados e com forte imagem no mercado”, explicou Mário Raposo.

O reitor da Universidade da Beira Interior vincou ainda a necessidade de “rejuvenescer o corpo docente nos próximos anos”, revelando que a atual reitoria lançou um programa de abertura de concursos de promoção, tendo aberto 88 concursos para professores associados e professores catedráticos.

Para Mário Raposo, “este número é, por si só, superior ao número total de concursos de promoção realizados em todas as outras reitorias anteriores somadas”.

João Silveira Nunes, presidente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior (AAUBI), destacou o crescente prestígio da instituição, “mesmo com os 15 anos de subfinanciamento, o que nos impediu de voar mais alto”.

Não obstante, e tendo em conta “o aumento do número de estudantes matriculados na UBI”, o dirigente referiu que “as infraestruturas começam a revelar-se insuficientes”.

“São precisos mais laboratórios, mais salas de aula e melhores condições em todos os espaços. As cantinas necessitam de mais funcionários e diversidade alimentar”, frisou.

Em última nota, João Nunes apelou a Mário Raposo para que se discuta um modelo de financiamento para a AAUBI, “que permita ter uma atividade mais sólida, mas, sobretudo, permita apoiar os núcleos de estudantes de forma mais robusta”.

“Celebrar o aniversário da UBI é, também, celebrar a AAUBI, que, ao longo destes 38 anos, tem sido um parceiro fundamental na construção e consolidação da instituição através da sua postura ativa na identificação de aspetos a melhorar”.

Na sessão solene comemorativa dos 38 anos da Universidade da Beira Interior, foram homenageados Manuel José dos Santos Silva, Pedro Manuel Cruz Roseta e Fernando de Jesus, que fazem parte do momento em que são assinalados os 50 anos do Ensino Superior na cidade.

Manuel José dos Santos Silva foi outorgado o diploma de Professor Emérito, pelos altos serviços prestados à UBI, durante o seu período de vinculação profissional (1975 a 2021), pelos relevantes contributos para a expansão e afirmação da instituição e para o desenvolvimento da ciência e da cultura. Foi docente, investigador e Reitor (1996 a 2009) e, no decurso do seu Reitorado, defendeu e lutou pela implementação da Faculdade de Ciências da Saúde e do seu curso de Medicina, que viriam a concretizar-se no início dos anos 2000.

A homenagem a Pedro Roseta deve-se à intervenção preponderante, na qualidade de Deputado à Assembleia da República, na defesa do Instituto Politécnico da Covilhã e da sua conversão em Instituto Universitário da Beira Interior, que viria a concretizar-se em 1979. Natural da Covilhã, e licenciado em Direito, foi técnico superior do Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Educação, tendo colaborado na reforma educativa do ministro José Veiga Simão. 

Fernando de Jesus, Professor Catedrático jubilado do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), colaborou com a Comissão Instaladora do Instituto Politécnico da Covilhã, para a criação e a orientação científica e pedagógica das disciplinas do Bacharelato em Administração e Contabilidade (BAC), o qual viria posteriormente a dar origem à licenciatura em Gestão de Empresas.