Em sessão extraordinária realizada esta segunda-feira, dia 25, a Assembleia Municipal da Covilhã, por proposta do grupo municipal do PSD, debateu a saúde no concelho.
Na primeira intervenção do dia, o partido que propôs o tema, fez o diagnóstico da saúde a nível nacional, e local, apontando a falta de profissionais e a dificuldade da população, cada vez mais envelhecida, em ter acesso a cuidados de saúde como algumas das grandes lacunas. A acrescentar a estas questões transversais ao território nacional, no concelho acresce “a falta de condições dignas” nas infraestruturas de saúde, disse Vanda Ferreira.
Apontou o dedo à governação socialista na CMC que, disse, “nega os problemas” para não os resolver.
“Não podemos esquecer a falta de condições dignas para os profissionais de saúde trabalharem e a necessidade de melhor planeamento para garantir cuidados de proximidade a toda a população. No entanto, não posso deixar de apontar que o Partido Socialista, que governa o município, tem adotado permanentemente uma postura de negação, preferindo esconder-se atrás dos discursos otimistas, em vez de enfrentar as evidências. O problema não desaparece por não ser reconhecido, pelo contrário, agrava-se e é exatamente por isso que o debate de hoje é tão importante”, sublinhou.
Já nas intervenções dos grupos municipais as críticas ao estado das infraestruturas voltaram a fazer-se ouvir, bem como a incapacidade em fixar médicos no concelho, frisou Luís Rodrigues (PSD) sublinhando que a Covilhã é a única cidade do interior com faculdade de medicina.
As propostas social-democratas surgiram no final do debate, incluindo a exigência em intervenção nas infraestruturas de saúde, nomeadamente na atual USF que tem espaço “insuficiente” e no Centro de Saúde, que, disse Jorge Vaz, tem instalações “degradantes”.
“As condições do centro de saúde são degradantes. o espaço atende cerca de 29.000 pessoas. Precisa de intervenções urgentes para oferecer dignidade mínima. Uma linha de telefone é a única existente, há maus cheiro atendendo às condições de saneamento. O ar-condicionado não funciona há 2 anos, chove dentro das instalações e há queixas de danos nas viaturas dos funcionários devido ao estacionamento exíguo”, disse.
Apontou ainda que o atraso nas obras da nova sede para a USF adia a organização de novas equipas e a sua expansão, vincando que a falta de condições de trabalho “desmotiva os profissionais”. “É aqui que entra o papel da Câmara Municipal na fixação de profissionais”, disse. Jorge Vaz frisou ainda que a Câmara Municipal deve criar um sistema de incentivo à fixação de médicos.
Vasco Lino (A Covilhã tem Força), defendendo que em saúde é preciso garantir que “com os poucos meios que existem se faz o máximo possível”, apontou algumas soluções que podem ser implementadas no concelho, desde “parcerias com entidades privadas para complementar a prestação de cuidados de saúde pelas entidades do SNS”, bem como o recurso a Unidades Moveis de Saúde. Apontou, também, que a Câmara Municipal da Covilhã deve utilizar todas as sugestões apontadas para realizar “um plano para a saúde que deve debater com a Assembleia”.
Vítor Reis Silva (PCP) apontou carências várias, como instalações degradadas e insuficientes no centro de saúde da Covilhã, o polo de saúde fechado em Aldeia do Souto e a falta de médico em outubro e novembro em Casegas.
Acusando que “face às dificuldades existentes, da Câmara só se conhece que o concurso para a nova USF ficou deserto e que vai comprando umas viaturas”.
Para o eleito do PCP o que se faz nesta matéria é “muito pouco, insuficiente e medíocre”.
Nuno Reis apontou a falta de “diálogo e de pontes” entre parceiros que deveriam contribuir para o desenvolvimento de uma mesma estratégia de saúde no município.
Questiona se “a Covilhã, a cidade do Interior, que detém um hospital universitário, uma faculdade de medicina e uma incubadora na área da saúde, não deveria ter outra pegada na afirmação do setor da saúde do nosso país?”
“Estranha-se que a cidade governada por uma maioria socialista há mais de 2 anos, coincidindo com 8 de governação do Partido Socialista, não tenha feito mais pela saúde e bem-estar das populações, desde logo no financiamento da reestruturação das instalações dos cuidados primários de saúde e também do próprio Centro Hospitalar da Cova da Beira, que precisa urgentemente de reformulação, inclusive da sua fachada”, disse.
Ainda do CDS, João Lopes Bernardo também apontou que nesta área todos os parceiros fazem “o que podem e não podem” para servir as populações, sendo que “o único a quem falta fazer alguma coisa é o Município”, que “tem o essencial por fazer”, acusou.
Por parte do PS, Pedro Bernardo, reforçou a saúde como uma das prioridades na gestão municipal, e salientou o facto de o PSP, como proponente do tema para uma sessão extraordinária, não tenha conseguido convidados para debater o tema, tal como está previsto no regimento da assembleia.
“Quando o PSD tem responsabilidade política, falha”, disse. Uma assembleia que desta forma “fica diminuída e limitada” acrescentou Hélio Fazendeiro, líder da bancada Socialista. Também Nuno Pedro, reforçou esta critica ao PSD.
Sobre a intervenção municipal na área da saúde, Hélio Fazendeiro sublinha que a Câmara “tem feito o que é possível, e tem sido muito”, disse.
“O Partido Socialista na Câmara Municipal tem feito aquilo que lhe tem sido possível e tem feito muito. Tem feito um conjunto de candidaturas e sinalização de investimentos que permitem melhorar as infraestruturas da saúde no nosso Concelho, como seja o Centro de Saúde, a Unidade de Saúde Familiar Montes Hermínios, as extensões de saúde nas várias aldeias e nas várias freguesias”, detalhou.
Realça ainda a “capacitação destas infraestruturas com veículos para melhorar a saúde de proximidade”.
Admitindo que “não seja o suficiente”, frisa que o município “tem feito muito e as pessoas que trabalham nesses serviços e os utentes que recebem esses cuidados sabem-no e atestam-no”, concluiu.
O líder da bancada do PS lamentou também que da oposição só se oiçam críticas, ao invés de se conhecer as estratégias a seguir para o futuro.
“Quais são as estratégias que têm? O que é que a nossa ULS Cova da Beira espera e deseja fazer para melhorar aquilo que dizem que não está bem e admitindo que há coisas que é possível melhorar?”, questionou.
Aponta que “a responsabilidade de contratação de médicos não diz respeito à Câmara Municipal. A delegação de competências apenas atribui à Câmara Municipal a questão de infraestruturas, a gestão de assistentes, auxiliares e técnicos. Não estamos a falar de médicos, não estamos a falar de médicos nem
Rui Amaro, (presidente da UF Peso/Vales do Rio, realçou que as 15 extensões de saúde do concelho funcionam a 5%, algumas com médico apenas uma manhã na semana, o que é manifestamente pouco para uma população cada vez mais envelhecida.
Marco Gabriel, presidente da JF Boidobra, sublinha a mesma ideia vincando que na sua freguesia a extensão de saúde “funciona de forma deficiente”.
David Silva, presidente da JF do Tortosendo, também manifestou preocupação com a saúde na sua freguesia sublinhando que espera reunir em breve com o novo conselho de administração da ULS Cova da Beira para debater a situação.
Cristina Dias, da UF Covilhã e Canhoso, denuncia a falta de condições em que funciona a USF Hermínios e criticou as futuras instalações e a localização escolhida pelo município, dando conta que um edifico de raiz seria mais eficaz e financeiramente mais compensatório.
A terminar a sessão, Vítor Pereira, que desde a sua primeira intervenção deixou claro que a saúde é uma prioridade para a sua governação, vincou que antes mesmo de assumir competências nesta matéria já trabalhava em conjunto com as entidades da área.
“Muito antes de assumirmos a nossa responsabilidade no domínio daquilo que foram as delegações de competências relativas à saúde, já nós cooperávamos de forma intensa, profícua e muito empenhada para ajudar a melhorar as condições dos nossos concidadãos no que diz respeito ao acesso à saúde”, disse.
O presidente da Câmara Municipal da Covilhã concluiu que das sugestões da oposição todas estão em execução, com exceção aos incentivos financeiros para médicos “porque não funcionam”.
“Todas elas já estão a ser implementadas, todas. Agradeço o facto de vir sublinhar a importância delas, porque elas estão todas a ser executas, à exceção de uma: a do acréscimo remuneratório aos senhores doutores médicos”, explicando que é seu “entendimento, lendo, varrendo o território nacional e colhendo as experiências que neste domínio já aconteceram noutros municípios, que ela não funcionou. Ou seja, não é pelo facto de os senhores doutores médicos receberem mais 500, 600, 700 ou 800 e até 1000 euros nalguns casos, que eles vieram para esses municípios”, disse.
Vítor Pereira anunciou no final da sua intervenção obras em várias estruturas de saúde (noticia AQUI) no valor global de 1.5 milhões de euros e que o concurso público para a remodelação do antigo Acondicionamento Têxtil para sede da USF Hermínios está na fase de análise de propostas.