“Cultura como motor de afirmação, de identidade e de desenvolvimento social e económico dos territórios” foi um dos temas debatidos, por proposta do PS, entre os grupos municipais na última Assembleia Municipal da Covilhã.
Hélio Fazendeiro (PS) afirmou que a cultura “é um tema tão importante e central e tantas vezes esquecido nos debates políticos”.
“A cultura como motor de afirmação permite que as comunidades e os territórios afirmem a sua singularidade e riqueza histórica. Os eventos culturais, os festivais, as tradições e as práticas artísticas são formas de expressão e de reforço da identidade local, proporcionando um sentido de pertença e de orgulho dos seus habitantes”, referiu.
O líder da bancada socialista explicou que “a identidade cultural é essencial para a coesão social”, uma vez que, através da cultura, “as sociedades podem preservar e transmitir valores, crenças e práticas às novas gerações e definir uma identidade única”.
Além disso, “a cultura contribui significativamente para o desenvolvimento social e promoção da inclusão e da participação cívica dos indivíduos”. Hélio Fazendeiro acrescentou que, também do ponto de vista económico e turístico, “a cultura cria emprego, riqueza e gera desenvolvimento”. A cultura, por sua vez, é determinante para “revitalizar o tecido urbano”, para “promover a coesão social” e para “reunir pessoas, compartilhar experiências e fortalecer laços”.
Hélio Fazendeiro afirmou que o executivo socialista “tem a felicidade” de ter conseguido, ao longo dos últimos 12 anos, requalificar várias salas de exposições, bem como o Teatro Municipal da Covilhã. “Não há hoje um dia sem atividade cultural”, salientou.
O socialista destacou o trabalho da ASTA, da Quarta Parede, do Teatro das Beiras, do Kayzer Ballet, do Coletivo Wool, e do Oriental de São Martinho, “associações que criam dinâmica cultural” e afirmam a “identidade dos nossos territórios”.
Pedro Manquinho (CDU – PCP), na sua intervenção, destacou a falta de apoios às artes.
“O subfinanciamento e desresponsabilização do Estado conjugam-se para uma crescente influência do capital, visando uma mercantilização, elitização, apropriação e instrumentalização da cultura ao serviço das classes dominantes”, disse.
Desta forma, a CDU enumerou uma lista de propostas para a área da cultura, entre elas a dinamização da atividade cultural do município da Covilhã; o acesso generalizado das populações à fruição de atividades culturais; apoios dirigidos à criação, promoção e difusão culturais; a criação de um plano estratégico cultural; a potencialização do Teatro Municipal da Covilhã; a concretização da «Cidade Criativa»; a criação de um sistema integrado de equipamentos culturais; a criação de um roteiro de museus; realização de festivais de teatro e cinema no concelho; a criação de oferta cinematográfica pública; a criação da “Semana da Dança”; a criação de um projeto de “Música na Rua”; a realização da “Bienal de Artes Plásticas; o apoio a talentos literários ao nível escolar e universitário; e a criação de um roteiro de gastronomia regional.
Nuno Reis (CDS-PP) afirmou que “todos reconhecem a importância da cultura no desenvolvimento económico das sociedades”.
“Acreditamos que a nossa cultura, olhando àquilo que é a tradição têxtil da nossa cidade, poderá acrescentar algum valor e algum dinamismo no próprio investimento económico e no desenvolvimento económico e na criação de novas empresas e de novas respostas económicas na nossa cidade”, sublinhou.
No entanto, questionou a Câmara Municipal sobre o investimento na adaptação e reabilitação dos museus. “Aquilo que sentimos é que, com exceção dos museus da cidade, os museus mais afastados da periferia necessitam urgentemente de investimentos”, frisou. Perguntou, ainda, qual a estratégia cultural do município.
O deputado do CDS sugeriu a realização de “Encontros da Criatividade”, com escritores, músicos e investigadores numa “relação direta” com a UBI. Propôs, ainda, a criação de uma estratégia comum em conjunto com os municípios vizinhos de forma a “alavancar a região”.
Vanda Ferreira (PSD) acusou o PS de falta de estratégia e planeamento cultural, de desvalorização dos equipamentos culturais, nomeadamente o subaproveitamento do Teatro Municipal e a falta de investimento no Museu de Lanifícios, de apoio irregular e insuficiente aos agentes culturais, de fracasso na aposta na cultural como vetor económico e na política cultural refém da propaganda.
“O que deveria ser um motor de dinamismo, inclusão e projeção da Covilhã para fora das suas fronteiras tem sido negligenciado, descaraterizado, instrumentalizado para fins meramente propagandistas”, frisou.
Neste seguimento, o PSD propôs “uma nova visão para a cultura na Covilhã”, através da criação de um festival anual de cultura e tradição; um programa de residências artísticas para “atrair criadores nacionais e internacionais”; a requalificação e dinamização dos espaços culturais; incentivos à formação e ensino artístico; criação de circuitos culturais e históricos nas freguesias; e, por último, apoio estruturado e transparente aos agentes culturais e associações locais para “assegurar a continuidade do crescimento dos projetos existentes”.
Hélio Fazendeiro (PS) referiu que “o PS tem muito orgulho no seu trabalho” e que a Câmara Municipal sempre procurou “apoiar a atividade, robustecer as infraestruturas municipais nesta área e continuar a incentivar a sua ação”. O líder da bancada socialista frisou que a “cultura é determinante em todas as sociedades, especialmente no tempo obscuro e cinzento que o mundo vive”, sendo que a cultura é a “luz de esperança no futuro”.
Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, não deixou de sublinhar que não podem haver dúvidas que a Covilhã é “um grande polo de irradiação da cultura”, a nível regional e nacional.
“Relativamente à cultura, temos política, temos estratégias e temos atividades culturais. A Covilhã é um grande polo de irradiação de cultura na Beira Interior e no interior de Portugal. Disso ninguém tenha dúvida”, garantiu.
Respondendo a quem diz que “na Covilhã não acontece nada”, o autarca enumerou vários projetos culturais que decorrem na cidade. Entre eles, o projeto «Tecer»; o C3D Makerspace; a abertura do primeiro Núcleo do HUB Criativo “Portas do Sol” (Trienal da Covilhã); o projeto «Zêzere que nos une»; residências artísticas; programa de oficinas desafios criativos entre empresas e designers, escolas e alunos; «Design (En)Caixa»; o projeto “Resotex”, o projeto “Poctep”; a renovação e revitalização do evento tradicional «Carnaval da Neve». Vítor Pereira destacou, ainda, a agenda cultural “diversificada e “distribuída equilibradamente ao longo do ano”.
Ao nível dos eventos, o presidente da Câmara mencionou o «Natal com Arte», o «Verão no Centro Histórico», o «Industrial: Encontros com a Cidade Fábrica», o «Diafragma», a «FIADA», o «Covilhã Creative Week»; a «Trienal».
“Estaríamos aqui o resto do dia a enumerar aquilo que está feito, qual é a estratégia, quais são as visões e aquilo que está a acontecer e que vai acontecer”, concluiu o autarca.