Projeto da UBI enviado ao Governo propõe apoio ao jornalismo de proximidade e combate à desinformação

“Jornalismo de Proximidade, Jornalistas e Audiências: Propostas MediaTrust.Lab para Políticas Públicas” é o título do documento enviado à #PortugalMediaLab, estrutura de missão criada pelo Governo para a comunicação social, aos partidos com assento parlamentar, entidades reguladoras e representantes do setor dos media e do jornalismo, revela o coordenador do MediaTrust.Lab, Pedro Jerónimo, em nota de imprensa.

“O documento reúne 64 propostas de apoio à definição de políticas públicas, num momento decisivo para a coesão territorial e a saúde democrática em Portugal”, está descrito no documento.


A iniciativa é do MediaTrust.Lab – Laboratório de Media Regionais para a Confiança e Literacias Cívicas, projeto desenvolvido no LabCom, unidade de investigação da Universidade da Beira Interior (UBI), em parceria com a Universidade de Coimbra e com financiamento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O projeto decorreu entre agosto de 2021 e março de 2025.

Segundo avança a nota o documento está estruturado em dois grandes blocos: um dirigido ao setor jornalístico e outro orientado para as audiências e a cidadania. Aborda temas estruturantes como os desertos noticiosos, a desvalorização da profissão, a sustentabilidade financeira dos meios de comunicação regional e local e o combate à desinformação.

“Agora que temos um novo Governo e uma nova Assembleia da República, e com a aproximação das eleições autárquicas e da discussão do Orçamento do Estado para 2026, considerámos que este era o momento certo para divulgar o documento”, afirma Pedro Jerónimo, citado na nota. “Trata-se de colocar em comum a reflexão gerada no seio de um projeto de investigação com implicações concretas para o futuro do jornalismo em Portugal.”

Entre as propostas destacam-se: a criação de um Fundo Nacional de Apoio ao Jornalismo de Proximidade; incentivos fiscais para assinaturas e publicidade institucional nos media regionais e locais; programas de literacia mediática em comunidades de baixa densidade; implementação de selos de qualidade e mecanismos de transparência editorial e apoio à digitalização e inovação editorial, com novos formatos como podcasts e newsletters.

As recomendações visam ainda reforçar a confiança entre jornalistas e comunidades, fomentar a cocriação de conteúdos com a sociedade civil, estimular o jornalismo de investigação em contextos locais e assegurar que todas as pessoas tenham acesso a informação relevante e verificada, independentemente da sua localização geográfica.

“Acreditamos que um jornalismo de proximidade forte é essencial para uma democracia plural, informada e participativa”, sublinha Pedro Jerónimo. “As políticas públicas devem assumir um papel ativo no combate à desertificação informativa e na valorização dos jornalistas e dos cidadãos enquanto agentes de mudança”, conclui.