A convite da ASTA cinco das seis candidaturas à Câmara Municipal da Covilhã participaram no debate sobre cultura que abriu o Festival Portas do Sol. O candidato do Chega não esteve presente e não se fez representar. Já a candidatura independe, “Pelas Pessoas”, com a concordância dos restantes candidatos, esteve representada pelo número dois da lista, José Armando Serra dos Reis.
Jorge Simões, candidato do PSD, defendeu que “inclusão” será a palavra chave para a sua política cultural, sublinhando também que a cultura será promovida como ferramenta de combate à desertificação.
“No conjunto das estratégias e propostas queremos construir um ecossistema cultural sustentável, estruturado e integrado com as áreas da educação, turismo e economia local”, disse. Também sublinhou que é intenção “criar condições para que a cultura seja um motor de desenvolvimento económico e social, e que seja gerador de emprego e dinamizador do Centro Histórico”.
Sobre o Teatro Municipal (TMC), tema muito debatido durante a iniciativa, realçou que se for eleito irá rever o regulamento “para perceber o que funcionou bem, ou menos bem”. Defendeu também “que haja uma coordenação da programação cultural através do departamento de cultura” para promover “a diversidade e sem sobreposição de espetáculos da mesma área”.
Hélio Fazendeiro, candidato do PS, defendeu que o principal papel da autarquia nesta matéria será “impulsionar, ainda mais, a intensa produção cultural do concelho”, apontando como uma das prioridades a descentralização da programação para as freguesias, aproveitando as infraestruturas existentes.
“Um dos bons problemas da cultura na Covilhã é ter, felizmente, muitos produtores de cultura”, disse, apontando que “há três companhias de teatro profissionais na Covilhã”. “O que temos de continuar a fazer, em primeiro lugar, é dar espaço e condições para que a produção cultural que existe, que se faça, que se desenvolva. Isso tem sido feito e tem de se intensificar”, disse.
Sublinha que “a parte mais importante da política municipal é acompanhar a produção cultural feita pela sociedade civil, nomeadamente com a “criação de infraestruturas”. Sublinha que isso “tem sido feito, apontando obras como a recuperação do Teatro Municipal, da Galeria António Lopes e do Museu da Covilhã considerado Museu do Ano em 2022.
Para o candidato a ideia chave é a descentralização de eventos culturais para as freguesias, aproveitando “um conjunto de auditórios e salas nas freguesias que podem e devem ser aproveitadas e potenciadas”.
Eduardo Cavaco, candidato da coligação CDS/IL (+Covilhã), avançou com algumas medidas que pretende implementar se for eleito.
Desde logo a adesão da Covilhã à Agenda XXI, a dinamização do Conselho Municipal da Cultura e a criação da figura do “programador cultural municipal”. Também defende a requalificação do Parque da Goldra transformando-o “na cidade das Artes”.
“O Conselho Municipal da Cultura, onde estão os agentes principais da cultura vão ser chamados a ter uma palavra ativa e não uma palavra passiva”, elencou.
Para promover talentos pretende a implementação do projeto “Apoio à Criança Artística”. O projeto “Goldra Cidade das Artes, em conjunto com a UBI, o platô de Cinema é lá que se vai concretizar, por vamos ceder o terreno e vamos ativar aquele espaço para ser uma verdadeira cidade das artes, alinhada com a Covilhã do design, porque essa não vamos deixar morrer”.
Também defendeu que a “figura do programador do Teatro Municipal vai deixar de existir, passando a existir o programador municipal. Entendo que temos demasiadas agendas”, disse. Também defendeu que no período de verão esta estrutura deve levar programação “às freguesias” e ter atividades noutros locais.
José Armando Serra dos Reis, em representação da candidatura independe “Pelas Pessoas”, elencou uma série de medidas que a candidatura pretende implementar no concelho, como criar a carta Cultural da Covilhã, retomar o Centro de Estudos Judaico, a criação de diversas rotas, da carta gastronómica e de um Observatório Astronómico na Serra da Estrela, começando por anunciar alterações à Feira de São Tiago.
“Terá um grande espaço com expositores de todas as freguesias, fazer a montra da riqueza que são as freguesias”, disse. Também avançou que será incentivado o alargamento dos centros interpretativos e redes de museus nas freguesias para “criar a rota e o roteiro da cultura nas freguesias”.
Em colaboração com a UBI pretende a reativação o Cineclube da Beira Interior e a realização de um festival de curtas metragens anual. Como iniciativa diferenciadora avança com a criação da “Academia para a cultura e património do concelho”, com “uma equipa de peritos multidisciplinar” para “avaliar, propor e seriar medidas”.
Prometeu ainda que a Covilhã será candidata a “Cidade Portuguesa Capital da Cultura”, e será criado o Pavilhão Multiusos para uso desportivo, cultural e recreativo. Também disse que pretende acabar com “a cultura de pedinte” nesta área e ter um orçamento próprio para a cultura.
A terminar a apresentação das linhas gerais para cultura, tema proposto pela moderação, Jorge Fael, Candidato da CDU, último a intervir, frisou que concorda com quase todas as medidas “e não terá problemas em implementa-las” se for eleito, destacando que o principal papel de uma autarquia nesta matéria é “o apoio às forças culturais”.
“Não vou desfiar propostas, o que posso dizer é que concordo com muito do que aqui foi dito”, disse. Sobre o Teatro Municipal, que quase todos abordaram, sublinhou que a CDU foi a única força política que votou contra o regulamento. Não defende a discussão em torno de programador cultural, vincando que “o problema não está no programador nem na falta de programação, está sim na articulação”, apontando que o que é preciso “é uma verdadeira agenda cultural que não temos”.
“O que nós defendemos é uma cultura não hierárquica, participada, descentralizada. Já aqui foi dito, é preciso levar a cultura a todo o território. Uma cultura de construção de identidade, de respeito pela memoria histórica e social, inclusiva”. Defende uma “forte aposta na democratização da cultura” e uma “forte aposta na dinamização e apoio das forças culturais”, disse.
O debate decorreu no último dia 4, no arranque do festival Portas do Sol, promovido pela ASTA.