Torre Centum Cellas: Abertas inscrições para participar em escavações arqueológicas

A Câmara Municipal de Belmonte tem abertas inscrições para jovens que queiram participar no projeto de escavações arqueológicas no icónico monumento Torre de Centum Cellas.

As escavações irão decorrer de 19 a 30 de julho. As inscrições estão abertas para maiores de 15 anos, a autarquia informa que será oferecido transporte, seguro e bolsa de participação.


O monumento, em si, apresenta-se como um dos mais emblemáticos, mas ao mesmo tempo dos mais enigmáticos de todos quantos existem na Beira Interior e se atribuem à presença romana no território.

Na verdade, foram elaboradas ao longo do tempo as mais diversas teorias respeitantes à sua real funcionalidade primitiva. Assim, desde templo, a prisão, passando por um praetorium (núcleo de um acampamento romano), a um mansio (estação de muda), mutatio (albergaria para descanso dos viajantes), uilla romana, para além de muitas outras, tudo parece ter sido contemplado e proposto.

Todavia, as escavações realizadas pelo IPPAR, entre 1993 e 1998, demonstraram que o edifício da Torre não se encontrava isolado, antes, sim, inserido num conjunto estrutural mais amplo e complexo, que incluía diversos compartimentos, de entre os quais sobressaiam salas, corredores, escadarias, caves e pátios.

Por conseguinte, a Torre revela-se a parte central e melhor conservada daquela que terá constituído a uilla de Lucius Caecilius, um abastado cidadão romano, negociante de estanho, que, em meados do século I d. C. mandou edificar a sua residência nesta zona, sob direção de um arquiteto, o qual, ao que tudo parece indicar, conheceria com profundidade as técnicas construtivas ditadas por Vitrúvio.

Composta por apenas dois pisos, a Torre reveste-se de uma evidente centralidade e imponência arquitetónica, em redor da qual se desenvolveu a restante estrutura habitacional, desempenhando um papel de autêntico epicentro das suas ecléticas tarefas diárias.

Datando a sua construção inicial do século I d. C., este edifício foi parcialmente incendiado e destruído em finais do século III, altura em que foi alvo de algumas alterações, designadamente ao nível da disposição dos vários elementos que o compunham na origem.