AM Covilhã aprova moção para colocar “travão” à prospeção de Lítio

A Assembleia Municipal da Covilhã aprovou por unanimidade uma moção em que propõe que “as populações, autarcas, os políticos e a justiça” tenham voz ativa, “travando o processo de prospeção e pesquisa de lítio que se configura como um caminho em direção ao abismo”.

O texto, lido por Valéria Garcia, em nome dos grupos municipais do PSD e CDS, reconhece que o lítio é “essencial à vida moderna e a sua exploração ponto fulcral para o cumprimento dos objetivos estipulados no Plano Nacional Energia Clima 2030 que versam na redução de emissões de gases com efeito de estufa e invocam maior eficiência energética através das energias renováveis”, sendo “chamado por muitos o petróleo de Portugal”, frisando no entanto as preocupações com “os critérios que garantem a salvaguarda do ambiente e a sustentabilidade das áreas” referenciadas para prospeção na região da Serra da Estrela.


No documento são descritas “consequências nefastas inimagináveis”, que a prospeção e mineração a céu aberto em torno da Serra da Estrela podem trazer. “Por outro lado, estão também em causa os impactes sobre a importante região agrícola da Cova da Beira e o seu regadio, onde o estado investiu milhões de euros, e que é um sector que representa uma importante fonte de rendimento para a população e é de extrema relevância socioeconómica para a região”, frisa a moção.

Apesar de referir-se a “criação de postos trabalho, ainda que com segurança profissional carente de avaliação”, tal acontece “em detrimento daqueles que existem atualmente e preservam a área”, vinca ainda o documento, defendendo que “as políticas de combate à interioridade e de desenvolvimento do Interior não podem passar pela tentativa de atrair investimentos externos, que se esperam temporários, prejudicando em larga escala as comunidades aqui fixadas. A prospeção e pesquisa de lítio em larga escala, traduzem-se num fator repulsivo ao investimento, à atração e fixação da população, e às estratégias de desenvolvimento local e regional” é ainda referido no texto que foi aprovado por unanimidade.