“O presente e o futuro das Bandas Filarmónicas” em destaque na Covilhã

 “O presente e o futuro das Bandas Filarmónicas” foi o tema central do dia de ontem, na reunião do Conselho Nacional das Bandas Filarmónicas que decorreu na sede da Banda da Covilhã.

Com sala cheia, Eduardo Cavaco, presidente da Banda da Covilhã e do Conselho Nacional de Bandas Filarmónicas (órgão consultivo da CMP – Confederação Musical Portuguesa), iniciou o seu discurso na sessão de abertura com a garantia de que é essencial “encontrar estratégias e perspetivar o futuro”. “A união faz a força e através da CMP temos um caminho bonito a percorrer e temos uma palavra a dizer”, referiu.


O presidente apresentou, também, um inquerito realizado pela Banda da Covilhã que contou com resposta de 124 bandas filarmónicas de todo o país, 16,7% das 743 existentes em Portugal.

Deste inquérito surgiram conclusões como a idade média das bandas que se encontra nos 120 anos, sendo que o número médio de músicos integrantes é 51.

48% dos inquiridos revelaram que o número de festas realizado, por ano, é superior a 10, “o que mostra que a atividade das bandas ainda esta muito ligada às festas”, disse Eduardo Cavaco. Ainda assim, salientou que, em média, a maioria realiza já 6 concertos por ano, concluindo, assim que “o panorama está a mudar”.

Também as escolas de música estiveram em destaque neste inquérito, com 97% das bandas a afirmar que têm escola de música, com uma média de alunos nos 30 e de idades nos 14.

Martinho Caetano, presidente da Confederação Musical Portuguesa, destacou o papel fundamental das autarquias no apoio às bandas filarmónicas em Portugal. “No contexto atual, depois de dois anos de pandemia, e até já antes, se não fossem as Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, 80% das bandas já tinham fechado portas”, vincou.

Na sua intervenção, demonstrou-se orgulhoso pelo facto de a CMP, com o contributo das bandas filarmónicas, terem conseguido a classificação, em legislação do estado português, das bandas como entidades artísticas não profissionais.

“Para música, arte e cultura, contem comigo”, concluiu.

A diretora do departamento de cultura da Fundação Inatel, Carla Raposeiro, parabenizou o estudo realizado pela Banda da Covilhã, convidando-a a apresentá-lo à Inatel para sua publicação.

Sublinhou a importância das escolas de música que têm uma “grande influência” e, segundo a sua experiência com associações, garantiu que as bandas filarmónicas foram as que “mais se transformaram ao longo dos últimos 20/30 anos. Foram as que mais capacidade tiveram de se adaptar ao novos tempos”, afirmou.

José Miguel Oliveira, vereador com o pelouro do associativismo na Câmara Municipal da Covilhã (CMC), deu as boas-vindas a todos os que se deslocaram à Covilhã para este encontro, realçando que “ao entrarem neste concelho entraram num ecossistema associativo único”.

O vereador destacou que, das cerca de 180 associações existentes no concelho, 7 são bandas filarmónicas. “É um concelho que respira filarmonia”, disse. Reconheceu o papel “fundamental” da Banda da Covilhã e, por isso, referiu que a CMC não dá “apoio ou subsídio, mas sim um contrato-programa”, uma vez que “olha para as associações como parceiras”.

Em representação da União de Freguesias da Covilhã e Canhoso esteve o seu presidente, Carlos Martins, que salientou a importância da Banda da Covilhã, uma vez que “foi aqui que muitos trabalhadores das fábricas, além de aprenderam a tocar, aprenderam a ler”.

O autarca demonstrou o seu orgulho nesta Banda e garantiu que “para chegarmos aqui foi preciso muito trabalho”, parabenizando, assim, Eduardo Cavaco que “não sendo da Covilhã, é já um covilhanense de gema”.