Incêndio na Serra da Estrela dado como dominado

O incêndio que deflagrou na Vila do Carvalho, no dia 6 de agosto, e se alastrou a mais quatro municípios durante a semana, foi dado como dominado ontem à noite.

“O incêndio foi dado como dominado às 23:36, mas os trabalhos vão manter-se seguramente ao longo dos próximos dias para evitar qualquer reacendimento”, explicou à agência Lusa o comandante Pedro Araújo, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), realçando que “ainda se esperam muitas horas de trabalho pela frente” no terreno, onde se vai manter um elevado número de meios.


Neste sentido, o comandante da ANEPC destacou que o essencial, neste momento, é a vigilância, para evitar qualquer reativação do incêndio e poder “atempadamente intervir na sua extinção”.

Pedro Araújo sublinhou, ainda, que o fogo, que ocorreu a mais de mil metros de altitude e que estava a poucas horas de cumprir sete dias em fase ativa, teve “características muito particulares, tanto de progressão como de vegetação, numa área que não ardia há vários anos, com uma manta morta muito extensa e uma carga calorífica muito elevada, a libertar muita energia”.

“Os incêndios em montanha têm características particulares mas que criam naturalmente muitas dificuldades aos operacionais, quer na progressão no terreno, quer também na capacidade que têm de transportar seja materiais, seja água, ou na consolidação das linhas de fogo. Não basta o meio aéreo largar água. É preciso atuar no terreno e fazer separação do verde do queimado, para que não haja continuidade”, explicou.

Na conferência de imprensa que decorreu hoje, ao 12:00, o segundo comandante nacional da Proteção Civil, Miguel Cruz, salientou que, de acordo com o sistema de vigilância europeu Copernicus, arderam mais de 14 mil hectares.

Em causa está uma área de parque natural, classificada, mas, segundo uma resposta enviada ontem, à Lusa, pela Comissão Nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), “nada indica que o geoparque da Estrela perca tal classificação apenas por motivos relacionados com um fogo florestal”.

Segundo Miguel Cruz, o incêndio, que lavrou durante sete dias, deixou 16 operacionais feridos, sendo que um deles ainda se encontra no hospital sob vigilância.

Ainda durante a conferência de imprensa, José Armando Serra dos Reis, vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã e vereador da Proteção Civil do município, frisou que “durante a semana irão estar fichas de diagnóstico na junta de freguesia e que toda a população que, porventura, teve danos ou prejuízos irá preencher”, sendo que, posteriormente, “irá ser decidida a forma de compensar os prejuízos que as pessoas tenham tido, quer a nível agrícola ou pecuário”.

Depois da Vila do Carvalho, as chamas estenderam-se aos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.

Fotografia: Lusa