Reunião CM Manteigas: “Devemos gastar as nossas fichas ferroviárias na linha da Beira Alta”

A posição do executivo acerca do traçado de alta velocidade ferroviária no troço Carregado-Soure, entre Lisboa e Porto, foi um dos assuntos em deliberação na reunião, de carácter ordinário, da Câmara Municipal de Manteigas.

Segundo Flávio Massano, presidente da autarquia, a proposta partiu do Município da Covilhã, numa reunião da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIM-BSE), e prevê, com a construção da linha ibérica entre Lisboa e Porto, “fazer um desvio para Este, de modo a dar resposta aos transportes que vêm para o Interior”.


Tomé Branco, vereador do PS na Câmara Municipal de Manteigas, afirma “entender a finalidade desta questão”, admitindo, no entanto, “não reconhecer a objetividade da mesma”.

Durante a sua intervenção, Tomé Branco realçou os “elevados custos de manutenção da rede ferroviária”, sublinhando que os mesmos “devem ser minorados com rotas que tragam alguma rentabilidade”.

De modo a justificar a sua posição, o vereador apresentou o exemplo da linha que, outrora, ligava Lisboa a Madrid, frisando que a mesma “tinha prejuízo anual de dois milhões de euros”.

“A minha intenção de voto vai ser a abstenção, não por deitar a toalha ao chão, mas porque acho que devemos gastar as nossas fichas ferroviárias na ligação da linha da Beira Alta, como se fez, em tempos, com a linha da Beira Baixa”, concluiu Tomé Branco.

Nuno Soares, vereador do PSD na Câmara Municipal de Manteigas, partilhou a mesma opinião, defendendo que o município tem, eventualmente, um investimento muito mais estruturante na remodelação na linha da Beira Alta”.

O vereador reconhece a intenção da moção, sublinhando, no entanto, “que a duplicação da linha da Beira Alta era, talvez, mais importante para o concelho do que a alteração deste traçado”.

Flávio Massano admitiu não ter “tanto conhecimento sobre esta questão”, frisando, no entanto, que o executivo não está “em condições de fazer um grande número a votar a favor de uma proposta inócua”.

“Trouxe este ponto por uma questão de cortesia, porque não trazer era, obviamente, colocar em causa aquilo que é uma recomendação de um município colega”, concluiu o autarca.

Neste sentido, à semelhança Tomé Branco e Nuno Soares, também Flávio Massano se absteve na votação da proposta, que contou com cinco abstenções.