Caminhos de Santiago: Covilhã recebe I Fórum Internacional do Peregrino

A Covilhã recebe o I Fórum Internacional do Peregrino de Santiago nos dias 23, 24 e 25 de março, com objetivo de “analisar as necessidades e as espectativas” dos que rumam a Santiago de Compostela por estes caminhos.

Na conferência de imprensa de apresentação do evento, Regina Gouveia, vereadora da Cultura na Câmara Municipal da Covilhã, afirmou que um dos objetivos “é melhorar o acolhimento”, tendo em conta a opinião dos que percorrem estes caminhos.


“Queremos trazer as perspetivas, as perceções e as necessidades dos peregrinos. No Fórum queremos promover a formação no âmbito do acolhimento ao peregrino, queremos melhorar esse acolhimento nos vários municípios que fazem parte deste caminho e nada melhor do que colocar a enfase na perspetiva do próprio peregrino”, disse

De resto a formação de agentes municipais, e outros, relacionados com acolhimento aos peregrinos é uma das componentes dos trabalhos no primeiro dia da iniciativa.

A autarca sustenta que para além de se “preservar a matriz espiritual ligada ao caminho”, se pretende desenvolver estratégias para a sua “valorização enquanto produto cultural e turístico”.

Realça que para além do pendor formativo, o Fórum será também um espaço de partilha de experiências.

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O intuito de “dar a resposta correta aos peregrinos”, centra as atenções destes trabalhos, frisou também a presidente da Federação Portuguesa dos Caminhos de Santiago, e representante do município de Vila Pouca de Aguiar, Ana Rita Dias.

“O Fórum Peregrino surgiu porque notamos que estamos muito focados na promoção dos caminhos, mas para isso temos que dar respostas aos peregrinos e a quem está no caminho. É preciso refletir se tudo o que existe é suficiente, ou não, e se não for, enquanto municípios, temos a obrigação de proporcionar a quem está nos territórios o conforto e o melhor caminho para levarem o melhor de cada território”, disse.

Frisa que “isto só pode ser feito com o envolvimento das associações de peregrinos, para que, com a sua crítica construtiva, se possa melhorar”, realçou, explicando que também estas estão envolvidos com esta realização.

No decorrer do encontro estão previstos diversos painéis de debate que trarão à discussão a perspetiva de historiadores e académicos.

A massificação de caminhos, que já está a acontecer em alguns, é uma das preocupações, alerta a responsável, frisando que ter 500 ou 600 peregrinos num caminho e não ter condições para eles, ou perder-se a identidade local porque passa a haver só peregrinos, é algo que tem que ser discutido, disse

Serão três dias de trabalhos para realçar que “o caminho não é só pôr-se a caminho”, detalhou Ana Rita Dias.

“É essencial mostrar que o Caminho não é só pôr-se a Caminho. É ter a identidade, a cultura, a gastronomia, é ter tudo o que envolve a comunidade envolvida no Caminho, se não, não vale a pena ter mais um. A identidade do território no Caminho de Santiago é a mais-valia. É isso que queremos mostrar e partilhar, não só da nossa parte, mas também ouvindo os que estão no Caminho e que o alimentam que são os peregrinos”, disse

As ações de formação no âmbito desta iniciativa irão decorrer no Auditório Municipal da Covilhã. Os diversos painéis a debate terão lugar na UBI, no auditório 8.1

No Concelho da Covilhã há um Albergue de Peregrinos, no Ferro, desde 2021, aberto para quem realiza a peregrinação a Santiago de Compostela. O Albergue possui camas e beliches podendo acomodar até sete peregrinos por noite. A abertura deste equipamento teve lugar no início de maio de 2021, e desde então foram já vários os peregrinos que por ali pernoitaram.

Referir que no concelho da Covilhã passa um caminho de que se serviam os peregrinos vindos do sul, ou de Castela, para depois seguirem para a Guarda, Trancoso, podendo depois optar por seguirem em direção ao designado “Caminho Português” ou “Via de la Plata”.

O “Caminho de Santiago no Concelho da Covilhã”, é um itinerário de dificuldade média, ao longo de cerca de 13 quilómetros, desde o Ferro (Pedra do Adufe) até Peraboa (Capela do Divino Espírito Santo), encontra-se devidamente sinalizado e em boas condições de segurança.