Diocese da Guarda diz que casos sinalizados de abusos sexuais terão “tratamento adequado”

A diocese da Guarda afirmou, esta terça-feira, fazer “tudo” para que “a verdade seja apurada e a justiça aplicada”, em relação aos abusos sexuais no seio da Igreja, garantindo que os casos sinalizados terão “tratamento adequado”.

“Todos os casos sinalizados terão sempre o tratamento adequado nas devidas instâncias canónicas e civis. E faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a verdade seja apurada e a justiça aplicada”, referiu a diocese da Guarda, num comunicado publicado na sua página oficial.


Na nota, publicada após a divulgação do relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica em Portugal, ao longo dos últimos 70 anos, a diocese, liderada pelo bispo Manuel Felício, referiu que, considerando os 512 testemunhos validados pela comissão, partilha “a dor das vítimas que tiveram a coragem de romper o silêncio e de outras também envolvidas no mesmo drama”.

“A todas e cada uma manifestamos a nossa solidariedade. Reafirmamos a vontade de tudo fazer para que situações destas não voltem a acontecer, procurando fomentar em todas as instituições da Igreja uma cultura de prevenção, cuidado e transparência, com ‘tolerância zero’ para qualquer tipo de abusos”.

No comunicado, a diocese reafirmou também a sua convicção “de que a nível moral nunca o mal poderá prescrever”.

“Agradecemos o longo, apurado e doloroso trabalho levado a cabo pela Comissão Independente e, a partir do relato apresentado, vamos contar, a partir de agora, especialmente com a nossa Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Vulneráveis para nos ajudar a definir os caminhos necessários para a erradicação de todos os abusos”, pode ler-se na nota.

A diocese da Guarda também apontou algumas áreas de intervenção a aplicar, como a formação dirigida a todos os agentes pastorais “com vista a uma cada vez maior prevenção”, a “disponibilidade continuada para escuta permanente de eventuais novos casos” e o “acompanhamento de vítimas identificadas em todas as dimensões do seu equilíbrio humano e pessoal – físico, afetivo, psicológico, espiritual”.

“Queremos, assim, percorrer os trilhos que nos recomenda o Evangelho para cuidarmos devidamente uns dos outros e de forma especial dos mais fragilizados”, rematou a diocese da Guarda.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica em Portugal iniciou a recolha de testemunhos de vítimas em 11 de janeiro de 2022, tendo validado 512 denúncias das 564 recebidas, o que permitiu a extrapolação para a existência de um número mínimo de 4815 vítimas nos últimos 72 anos.

A Conferência Episcopal Portuguesa vai tomar posição sobre o relatório, de quase 500 páginas, numa Assembleia Plenária agendada para 3 de março, em Fátima.

Fotografia de arquivo