Portugal gasta pouco com cuidados com o cancro, mas desempenho é superior à média da UE

Portugal tem um dos mais baixos custos ‘per capita’ com cuidados oncológicos da União Europeia, mas as taxas de sobrevivência para os cancros mais comuns são superiores às médias da UE, indica um estudo divulgado na quarta-feira.

A análise sobre os Perfis Nacionais de Cancro 2023 do Registo Europeu de Desigualdades do Cancro relativa a Portugal atribui parte da discrepância à existência de uma “rede consolidada de centros de referência e à disponibilidade de medicamentos e tratamentos gratuitos”.


Os custos associados aos cuidados oncológicos variam muito entre os países da UE.

“Em 2018, (…) o custo ‘per capita’ ajustado pela paridade do poder de compra (PPP) variou entre os 160 euros na Roménia e os 524 euros nos Países Baixos”, refere o estudo, adiantando que “em Portugal, o custo ‘per capita’ foi de 256 euros, um valor 20 % inferior à média da UE (326 euros)”.

No entanto, “as taxas de sobrevivência ao cancro a cinco anos – um marcador de qualidade dos cuidados – são elevadas para a maioria dos tipos de cancro em Portugal”.

O Perfil Nacional de Cancro indica que nos casos da leucemia infantil ou dos cancros da próstata, mama, colo do útero, cólon e pulmão – os mais comuns -, o desempenho de Portugal é superior à média da UE, com base nos dados mais recentes disponíveis, os diagnosticados entre 2010 e 2014.

Assim, a taxa de sobrevivência a cinco anos para o cancro da próstata foi em Portugal de 91% e na União Europeia a 24 de 87%, no caso da leucemia infantil as taxas foram de 90% e 82% respetivamente, mama 88% e 83%, cancro cervical (do colo do útero) 66% em Portugal e 64% para a UE24 e do cólon 61% e 60%.

No caso do pulmão, o estudo observa que “a taxa de sobrevivência (…) permanece desproporcionalmente baixa em relação a outros cancros”, embora esteja alinhada com a UE (Portugal 16% e UE24 15%).

Os resultados obtidos em Portugal estão relacionados com a melhoria dos cuidados com a doença, “principalmente em termos de deteção precoce e acesso a tratamentos inovadores”, segundo a análise organizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e pela Comissão Europeia.

Por outro lado, o estudo considera que na última década tem sido pequena a diminuição das taxas de mortalidade por cancro, que é a segunda causa de morte em Portugal, a seguir às doenças cardiovasculares (AVC – acidente vascular cerebral e doenças isquémicas do coração).