Inserido nas comemorações dos 30 anos da elevação da Boidobra a Vila foi ontem, dia 14, apresentado o segundo livro de Paulo Jerónimo que mereceu de Elisa Pinheiro, historiadora e antiga diretora do museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior, que o prefaciou, rasgados elogios ao rigor na pesquisa e à idoneidade de Paulo Jerónimo no tratamento das fontes.
“A obra é uma visão muito nítida dos últimos 40 anos da Boidobra, mas dá também uma perspetiva dos antecedentes, com uma fita do tempo muito bem desenhada. Foi o que me entusiasmou para analisar a obra. Surpreendeu-me pela positiva o rigor em tratar e transcrever as fontes. Quem trabalha em história sabe da dificuldade de as trabalhar. Ele encheu-se de paciência, foi à sua procura e cita-as com os princípios de idoneidade e ética que todo o historiador deve ter, mesmo que seja um aprendiz”, realçou a historiadora.
Em declarações à RCC o autor explica que esta obra surgiu na sequência do material que pesquisou para o seu primeiro livro, que relata factos relacionados com o passado etnográfico da freguesia. A segunda obra aborda factos ocorridos entre o período de 1192 com o último acontecimento de 2017, e o autor considera que são duas obras muitos distintas.
“É diferente do outro, o outro tinha uma raiz mais etnográfica e de tradições e este vai tocar as pessoas pelos acontecimentos que lá vêm descritos”, detalha Paulo Jerónimo, vincando que “os boidobrenses, na casa dos 50 a 70 anos, se vão rever nos relatos mais trágicos que aconteceram na freguesia, e os mais jovens nos acontecimentos mais recentes, como inaugurações e outros feitos até do Estrela do Zêzere da Boidobra”.
Entre os acontecimentos mais antigos Paulo Jerónimo relata o celebre acidente da excursão, um incêndio, a luta pela variante entre muitos outros. “Um livro diferente que vai tocar na vida de algumas pessoas, porque os viveram e algumas vidas foram desfeitas”, revela.
O autor sublinha que o próximo livro já está em andamento e irá debruçar-se sobre a Romaria da Senhora da Estrela.
Garante que “enquanto tiver financiamento para a publicação de livros”, irá continuar a aproveitar “as pesquisas que já tem feitas”.
Questionado sobre a possibilidade de romancear alguns destes factos históricos recusa a opção “porque não sou um escritor, só sou o autor destes livros”.
Vinca ainda que “estes relatos ficam mais perpetuados no tempo e na memória, acabam por ter consulta ao longo dos anos, porque quem se lembrar de um facto, também se lembra que há um livro que fala disso e vai pesquisar”, rematou.
A Junta de Freguesia da Boidobra é a editora da obra e na sessão de apresentação, Marco Gabriel, presidente da Junta de Freguesia, sublinhou que “desde a primeira hora disse que apoiaria”, considerando “que não se trata de um custo, mas sim um investimento para as próximas gerações”, agradecendo a dedicação de Paulo Jerónimo que “apenas recebe 20 livros e nada mais do que isso”.
Um agradecimento sublinhado também por José Armando Serra dos Reis, vice-presidente da Câmara Municipal da Covilhã, reconhecendo “um trabalho de recolha excelente, para perpetuar a história da freguesia e da vila”.
“Boidobra – factos e acontecimentos esquecidos” pode ser adquirido na Junta de Freguesia da Boidobra.