“Maria de Medeia”: Com base em texto escrito há 2500 anos peça obriga a refletir sobre a violência de género

A 115.ª produção do Teatro das Beiras, “Maria de Medeia”, é uma reflexão sobre violência de género a partir do mito Medeia, explicou a encenadora e coautora do texto Luísa Pinto, no final do ensaio aberto à comunicação social.

Um texto inicial escrito há 2500 anos por Eurípedes. A autora dá conta que o resultado do trabalho conjunto com Joaquim Gama, resulta num texto que estabelece um paralelismo com o original, mas convoca outras referências.


“Foi escrito há 2500 anos, mas todos os dias nos noticiários das TVs, rádios e nos jornais, somos invadidos com casos de filicídio destes, e já não só medeias no feminino, mas também no masculino”, diz

Relata que pretende chamar a tenção para as relações abusivas de que não se consegue sair, as relações de poder, a discriminação e a marginalização. A luta das mulheres por direitos iguais, que apesar de estar melhor tem ainda um longo caminho a percorrer, sublinha.

Um texto escrito a quatro mãos, por um homem e uma mulher, para que se esbatesse o olhar masculino que existe no texto original.

“Para pensar e tentar mudar, ou pelo menos, fazer com que o público presente no espetáculo possa ir para casa refletir um pouco sobre estas questões, porque ainda se continuam a ver só pela consequência, só pelo crime. O que antecede é pouco discutido”, sublinha a encenadora.

Defende que se está a utilizar o teatro “como um grito de alerta, como arte transformadora que é”.

“Quando vamos ao teatro e ele não nos contamina, então não resulta”, disse aos jornalistas, frisando que apesar de não haver um final feliz numa Tragédia Grega, se o espetáculo conseguir que alguém se posicione de uma forma diferente perante a violência de género, esse será, para os autores, um final feliz.

A peça é uma criação de Luísa Pinto e Joaquim Gama, a partir de Eurípides. Estreia dia 18 de outubro. Tem encenação de Luísa Pinto e é interpretada por Sílvia Morais e Bernardo Sarmento.

Fala sobre um casal de atores que decide revisitar o mito da tragédia clássica de Eurípides. A peça “oscila entre a vida real do casal e o processo criativo, estabelecendo um paralelismo entre os desafios que enfrentam nas suas vidas pessoais e os conflitos retratados na tragédia”.

Pretende, mais que tudo, “provocar discussões sobre o papel e o poder das mulheres na sociedade atual”.

Estará em cena de 18 a 21 de outubro às 21:30 e 22 de outubro às 16:00, no Auditório do Teatro das Beiras.