José Avelino Gonçalves, juiz que encontrou no sótão do Tribunal da Covilhã e no Arquivo Municipal matéria-prima para uma série de histórias judiciais que complementam a História coletiva, apresentou na passada quinta-feira, 26 de outubro, o terceiro e último volume das “Estórias de um Arquivo Judicial”, intitulado “A Última Devassa e Outras Estórias”.
O livro, que fecha a trilogia, é o culminar da investigação e pesquisa do juiz desembargador, natural da Lousã. “Sinto quase que tive um parto perfeito. São três livros, 112 histórias que têm a ver com as nossas Beiras, é um naco de História que nós deixamos e que fica disponível em livro para memória futura”, disse Avelino Gonçalves acerca do seu sentimento ao fechar este capítulo.
Presente na sessão esteve o Juiz Conselheiro Luís Mendes, Vice-Presidente do Conselho de Magistratura, que apontou ao escritor e à sua obra um “exemplo do que os juízes podem fazer quando se interessam pela cultura, um exemplo de que os juízes se abrem ao mundo, à cultura, à vivência das pessoas”.
Essa abertura, para o magistrado, é fundamental porque fornece aos juízes “a clarividência necessária para julgarem de forma esclarecida os casos”. Para “pensarem pela própria cabeça e serem críticos, os juízes têm de ter mundividências e saber demarcar, para isso precisam de muita cultura e muita abertura, e é esse o exemplo que o desembargador Avelino Gonçalves nos tem dado”, afirmou.
Vítor Pereira, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, que também esteve presente na sessão de apresentação, falou das “estórias da História” que Avelino Gonçalves tem vindo a apresentar às pessoas. Apontando elogiosamente o “estilo Camilo Castelo Branco” nas “devassas”, Vítor Pereira formulou “o desejo de que o juiz continue a escrever e a dar-nos essas bonitas histórias da Covilhã Antiga”.
Porém, acabam-se por enquanto “as devassas”, mas não as incursões do juiz na escrita e na memória. De momento, está a desenvolver um romance histórico:
“Já tenho umas personagens, já comecei a escrever algumas linhas. Vai começar em 1816 no Brasil, quando Portugal andava lá às turras com os espanhóis. Será um romance que vai abranger todas as beiras, Beira Baixa, Beira Alta e Beira Alta”, revelou Avelino Gonçalves.
Terminou deixando a ressalva de que não é o fim destas “estórias judiciais”. “Não vou deixar de fazer as minhas histórias pequeninas para os jornais. Não posso parar, que isto é um vício”, confessou.