O Centro Interpretativo do Brulhão a nascer em Vales do Rio para explicar, e ajudar a produzir, uma das iguarias mais típicas das freguesias da denominada Corda do Rio no concelho da Covilhã, deve estar pronto em maio, avançou o presidente da União de Freguesias do Peso e Vales do Rio, Rui Amaro.
O autarca especifica que a construção do centro, reivindicada durante décadas pela população e defensores do brulhão, deve estar pronta em abril, sugerindo que a inauguração possa acontecer em maio, a quando do regresso do FestiVales, certame que celebra a iguaria.
O centro pretende divulgar a iguaria, contribuindo para aumentar o número de visitas à aldeia, destaca o presidente da Junta de Freguesia.
“A gastronomia traz muita gente à aldeia, sem estes produtos as pessoas não vêm e por isso vamos apostar na parte gastronómica. Vamos mostrar como se fazia, e como se faz, e haverá ainda zonas para degustação”, realça o autarca. Rui Amaro aponta que se pode aprender os passos da sua confeção para tentar em casa replicar.
O centro servirá também de intermediário com os produtores, possibilitando marcação de almoços e jantares, deixa antever o autarca.
O centro representa um investimento de cerca de 283.475 euros, com uma comparticipação comunitária de 159.852 euros, 103 mil da Câmara Municipal da Covilhã e 20 mil da Junta de Freguesia.
Rui Amaro realça que, face à atual conjetura, que aumentou os preços, só com esta comparticipação autárquica é possível a obra.
Vítor Pereira, Presidente da Câmara Municipal, de visita à obra, dá conta da riqueza da iguaria, que merece ser divulgada com a dimensão que o futuro centro irá proporcionar.
“É o lugar adequado para se mostrar como se confeciona, qual a sua origem e, também, o ensejo para as pessoas contarem «estórias» sobre a história do brulhão, sobre a nossa identidade e as nossas raízes”, disse, sublinhando que “uma terra sem passado não tem futuro” e esta é uma forma de divulgar esse passado.
Recordar que o Brulhão, é uma especialidade típica da Beira Interior, e raramente é encontrado à venda. Em tempos idos, nas freguesias da corda do rio, em especial no Peso e Vales do Rio a iguaria não faltava na mesa em dias de festa.
É confecionado no bucho da cabra que é “cheio” com pedaços de carne de porco, arroz, chouriço e tomatada, previamente temperados com alho, cebola, louro, vinho branco, colorau e, principalmente, serpão, uma variedade de tomilho endógena da Beira Interior que lhe confere um gosto único.
Depois de cozido é servido em fatias.
Este Centro Interpretativo do Brulhão está inserido numa rede de centros interpretativos que está a ser criada no concelho da Covilhã.
A visita de segunda-feira, promovida pela CMC, passou pelos que estão em obras, e que deverão estar concluídos a partir de abril do próximo ano, nomeadamente o Centro Interpretativo Mineiro, na Barroca Grande, o da Ribeira, no Paul e o do Azeite na Coutada e que representam um investimento total de cerca de 1,2 milhões de euros.
A estes juntam-se outros que já existem no território, como o Centro Interpretativo da Cereja, no Ferro, o Museu do Queijo, em Peraboa e rotas gastronómicas, como a da Broa, em Cortes do Meio, por exemplo.
Vítor Pereira destaca que se pretende uma rede que irá potenciar o turismo no concelho, unindo todas as localidades e tendo como “elo de ligação a Câmara Municipal que terá o engenho e a arte de saber unir e interligar todos estes centros, para que sejam atrativos para população e turistas”, disse.