A ex-coordenadora nacional do Bloco de Esquerda Catarina Martins esteve no passado domingo, 5 de novembro, na Junta de Freguesia da Vila do Carvalho para ouvir a população que sofreu com os grandes incêndios da Serra da Estrela de 2022.
No âmbito de um livro que deputada está a escrever com o sociólogo João Teixeira Lopes sobre o estado do país, sobre o que foi feito e falta fazer nos 50 anos depois do 25 de abril, Catarina Martins ouviu o testemunho de cerca de uma dezena de fregueses e munícipes sobre os incêndios de 2022, sobre viver no Interior e de como o Estado pode estar a falhar com estes territórios e populações.
Precisamente depois destas intervenções, Catarina Martins reconheceu que houve projetos, ideias e planos que “não chegaram a ser cumpridos nem chegaram ao terreno” e que, aqueles que tiveram seguimento, são “um inferno burocrático”, algo que não se pode pedir às populações que sofreram dos incêndios de 2022.
Aqui, “os serviços deviam ir ter com as pessoas para as ajudar a ter acesso àquilo a que têm direito”. “Anunciam-se coisas muito bonitas, e ninguém vê nada. Não há nada pior do que fazer-se de conta que está tudo bem e as pessoas ouvirem discursos de que vão haver apoios como nunca, e sentirem a sua vida a degradar-se, a sentirem o chão fugir-lhe dos pés”, afirmou.
Desta sessão com a população, a ex-deputada reteve essencialmente duas coisas: que os “programas foram desenhados sem se falar com as pessoas, que eles são desadequados face à realidade concreta”, e que as vítimas do incêndios “não são só aquelas que perdem no dia do fogo, mas também as que perdem das consequências”, como é o caso de pessoas que foram vítimas de inundações nas suas casas imediatamente depois da degradação dos solos resultante dos incêndios.
À pergunta que foi mote deste fórum com a população – “Está o Estado a falhar com o Interior?” – a ex-deputada leva testemunhos que respondem afirmativamente à questão, mas deu o garante aos presentes que irá fazer pressão junto da sua bancada parlamentar para que estes assuntos sejam levantados.