“Covilhã ao contrário”: Pinto Pires quer evitar que se repitam casos como o do “Tinte Velho”

Pinto Pires, historiador e investigador, quer evitar que mais edifícios históricos da cidade tenham o mesmo fim “Tinte Velho”, ou seja a demolição.

Este é o principal objetivo da publicação da obra “Covilhã ao Contrário” que o autor prefere que seja chamado de documento, que reúne um conjunto de textos escritos por quem se debruçou sobre a temática da demolição e por quem esteve ligado à sua classificação.


“O que se pretende é ver o trabalho que foi feito, e porque é que não foram respeitadas as orientações, para que no futuro não volte a acontecer. Perdemos uma joia”, diz, reforçando que “era a última joia que tínhamos, a Tinturaria do Ranito, como muito gente a conhecia, devia ter sido enaltecida e não foi, lamento imenso que isso tenha acontecido”, disse, em declarações à Rádio Clube da Covilhã.

No livro o autor descreve que “o caso do Tinte Velho denota a incapacidade demonstrada em lidar com a inovação que pode consistir na capacidade de adaptar às novas necessidades elementos do património, provenientes da ancestralidade, mas inseridos no presente, com novas funções e valências, como se presume, e constitui uma realidade em sociedades desenvolvidas, que não denegam esses mesmos valores”.

Isto para dizer que os edifícios devem ter nova vida, mas a sua identidade tem que ser mantida.

“Há legislação produzida nesse sentido, caso das cartas patrimoniais que são muito claras. A identidade do ofício não pode ser alterada, agora este pode e deve ganhar novas dinâmicas”.

O autor realça que na Covilhã há núcleos identificados como o da Nova Penteação, o da Fábrica dos Cruzes, o do Santos Pinto. “Núcleos que estão ostracizados”, mas que, em caso de recuperação, “não podem ter cortes com a sua identidade”, disse.