O roteiro de Arte Urbana da Covilhã, resultante do festival WOOL e que conta com mais de 45 murais de grandes dimensões, vai estar acessível a pessoas com deficiência, com a implementação do projeto WOOL+, que pretende dotar, para já, três murais com recursos como braile e audiodescrição, foi anunciado em conferência de imprensa. O projeto conta com a participação ativa de utentes da APPACDM Covilhã.
Lara Seixo Rodrigues, do coletivo WOOL, avança que se trata de um projeto “complexo e ambicioso”, que vem colmatar uma falta que o coletivo já tinha assinalado há algum tempo.
“Já andávamos há algum tempo a pensar como poderíamos trabalhar com este publico específico, das pessoas com deficiência. Todos os anos recebíamos um grupo da APPACDM para fazer a visita e no ano passado, a DG Artes lançou o aviso de candidaturas em que especificava que um dos apoios era para promover a fruição cultural e a participação de pessoas com deficiência, ou surdas, e foi assim que surgiu o Wool+”, descreveu.
O projeto terá foco na arte urbana, mas “envolve outras disciplinas artísticas”, que permitem trabalhar com o grupo da APPACDM, disse a responsável, descrevendo que a residência artística, que vai culminar num mural de azulejos a colocar na Rua Ruy Faleiro, junto às instalações da ADC, já começou.
Semanalmente o artista Mantraste trabalha com os utentes e com alunos de artes da Escola Secundária Campos Melo, na primeira fase do projeto, a residência artística.
Até abril, numa ação “pioneira em Portugal e no mundo”, será “adicionado um conjunto de recursos de acessibilidade – réplica táctil, audiodescrição, Língua Gestual Portuguesa, linguagem clara, linguagem alternativa e aumentativa -, capazes de promover o acesso e a melhor experiência de visitação a pessoas com deficiência (intelectual, visual ou auditiva) ou outras necessidades específicas. Uma ação pioneira em Portugal e no estrangeiro que objetiva demonstrar que é possível, desejável e necessário, criar novas camadas de informação e de experimentação, pensadas primordialmente para estes grupos de pessoas”, foi também descrito.
A 19 e 21 de abril terá lugar a inauguração que, entre outras atividades, conta com um concerto dos 5ª Punkada, banda em que dois dos elementos têm deficiência mental e outras duas têm paralisia cerebral e que conta com produção de Rui Gaspar (dos First Breath After Coma), mediação pelo musico-terapeuta Paulo Jacob e com colaborações de Surma e de Victor Torpedo.
Um projeto que começou a ser trabalhado há cerca de 1 ano e que, entre mais de 380 candidaturas, ficou em 8º lugar na classificação da DG Artes, disse Lara Seixo Rodrigues.
A responsável sublinha que a intenção inicial era que todo o roteiro de arte urbana tivesse estes recursos, mas o alto custo da operação faz com que para já sejam apenas 3 murais, podendo vir a aumentar no futuro.
“Quando começámos a idealizar o projeto achávamos que íamos colocar em todos os 46 murais, mas os recursos de acessibilidade são caríssimos, e tivemos que reduzir para três. O nosso desafio, o projeto não acaba aqui, é colocar os recursos em todos os murais, influenciar a Câmara, parceira no projeto, para adquirir uma cadeira de rodas todo o terreno, a única possível para andar no centro histórico da cidade”.
Sublinha que o projeto termina em setembro de 2024, mas fica “o bichinho para continuar todas estas valências”.
José Miguel Oliveira, vereador do associativismo na CMC, presente na conferência de imprensa, elogiou o pioneirismo que o WOOL demonstra desde a primeira hora e que reforça com este projeto.
“Estamos a ser pioneiros, tem havido sempre a capacidade de inovar e de acrescentar valor a este produto, por parte deste coletivo, com apoio dos parceiros e da Câmara Municipal”, sublinhou, considerando importantes a “inclusão e integração de pessoas com deficiência na fruição do centro histórico e dos murais”, apontando que “a Câmara Municipal não poderia deixar de estar presente, apoiando e agradecendo este trabalho”, disse.