Beira Serra desenvolve projeto para apoiar famílias monoparentais femininas na Cova da Beira

“Veleda – Mulheres em Rede” é o nome do projeto promovido pela Beira Serra – Associação de Desenvolvimento, destinado a famílias monoparentais femininas, nos concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte.

O projeto foi apresentado ontem, dia 4, em conferência de imprensa, e o objetivo é desenvolver políticas publicas de apoio à monoparentalidade, “contribuindo para uma melhoria das condições de vida” destas famílias.


Para além da participação dos três municípios, o projeto conta ainda com o apoio da Universidade da Beira Interior (UBI) e de voluntárias que estiveram na primeira edição, entre 2019 e 2021, e que vão agora orientar e compartilhar os seus testemunhos com as novas participantes de cada concelho.

Nesta fase, o projeto foca-se na constituição de uma rede de apoio social e psicológico, revelou Elsa Duarte, presidente da Beira Serra.

“Este Veleda está mais virado para a construção de uma rede de apoio que, neste projeto, se considerou que faltava e que se pretende agora implementar. Uma rede de apoio, não só entre as mulheres, mas também com as parcerias e os homens”, sublinhou.

Durante o ano de duração do Veleda – Mulheres em Rede está previsto o funcionamento de grupos de entreajuda; de um espaço físico em cada município, aberto uma vez por semana, para atendimento individualizado e ajuda à resolução de situações concretas; a iniciativa Mães Canguru, que passa pela guarda dos filhos entre as participantes do projeto quando necessário; as oficinas em casa, para ajudar, por exemplo, a fazer pequenas reparações que melhorem as condições de habitabilidade, mas também ensinar a fazê-lo.

A sensibilização de entidades sobre as questões da monoparentalidade e do trabalho e a criação de um guia prático, que, de forma simples, possa ser consultado sobre dúvidas jurídicas, relativas à Segurança Social, sobre assuntos fiscais ou outros estão também contemplados.

Na sessão de apresentação do projeto, Regina Gouveia, vereadora com o pelouro da ação social na Câmara Municipal da Covilhã, salientou a importância da primeira edição na consciencialização da mulher para as suas próprias necessidades e capacidades, enaltecendo, agora, a segunda edição como “o suporte que deve ser dado a estas mulheres em várias áreas”.

Elsa Pombo, chefe de divisão da ação social na Câmara do Fundão, destacou a importância de se “procurar empoderar as mulheres”, considerando “o apoio da rede fundamental para capacitar” as participantes.

O vice-presidente do município de Belmonte, Paulo Borralhinho, salientou a forma como “os objetivos foram bem delineados”, vincou a “equipa experiente” e manifestou a disponibilidade da autarquia para “contribuir com ideias para os desafios que possam surgir”, num projeto que considerou “complementar” à ação do município.

Marisa Marques, coordenadora do projeto, revelou que esta candidatura surge do impulso das mulheres participantes na primeira edição.

“No âmbito desse trabalho e das relações que se criaram, identificaram que era necessário alargar a rede, que havia muitas outras mulheres e que era preciso dar continuidade a algumas atividades e impulsionar outras”, explicou.

Catarina Sales, socióloga e professora na UBI, destacou a importância da primeira edição, que permitiu a produção de peças científicas.

“Este projeto e a continuidade da edição anterior são muito importantes, porque estamos a falar da realidade das famílias monoparentais, que são maioritariamente femininas e têm carências específicas”, frisou.

Sociologicamente, este projeto é “bastante inovador na região”, disse Catarina Sales, explicando que esta é uma área na qual “ainda há muito para fazer”.

Elisabete Gonçalves, participante no primeiro Veleda e agora mentora do projeto, referiu que as atividades “nasceram de um diagnóstico que foi feito por todas as veledas”.

“Foi tudo muito bem pensado, porque sentimos na pele todas estas necessidades enquanto o projeto decorria e foi daí que apareceram estas respostas”, explicou Elisabete Gonçalves.

As mentoras vão acompanhar e partilhar testemunhos com as 15 participantes de cada município.

Segundo foi explicado, estão elegíveis para participar no projeto mulheres com mais de 18 anos, sós com filhos a cargo, com prioridade para beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), residentes em habitação social, beneficiários de majoração no abono de família no âmbito da monoparentalidade.

O “Veleda – Mulheres em Rede” tem duração de um ano, é financiado pelos Prémios BPI Solidário e vai ser implementado nos três concelhos da Cova da Beira.