Catarina Martins: “Portugal Esquecido é um livro de combate”

“Portugal Esquecido: Retratos de um país desigual” é uma radiografia ao Portugal profundo, resultante das entrevistas a mais 100 pessoas feitas pelos autores. É um relato do que existe nas mais variadas áreas, mas também das soluções para mudar”, diz Catarina Martins.

Em declarações aos jornalistas esta quinta-feira, na Covilhã, na apresentação pública do livro, Catarina Martins afirma que este “é um livro de combate”.


“É o resultado de um desafio do João Teixeira Lopes para, nos 50 anos do 25 Abril, pensarmos como está o país, como está tudo e o que falta fazer, a coordenação é nossa, mas tem mais de 20 autores que entrevistaram no país mais de 100 pessoas sobre as mais variadas áreas”, descreveu, salientando que a própria esteve na Covilhã a falar sobre os pós incêndio.

Sublinha que a estes relatos na primeira pessoa se juntam estudos e dados estatísticos. “É uma radiografia aos temas que habitualmente não são tratados, ou pelo menos não são discutidos com esta profundidade”, revela a autora, apontando que é um livro empático. “É sobre conhecer a realidade do outro. Fomos falar com as pessoas, contaram aquilo porque passam e também nos disseram quais as propostas para mudar. É isto. Temos os problemas que existem, mas também as soluções”, vinca.

“É um livro de combate, de pessoas que sabem a sua situação e a querem mudar”.

O livro tem coordenação de Catarina Martins (ex-Coordenadora do Bloco de Esquerda) e de João Teixeira Lopes (Ex dirigente do Bloco).

Questionada sobre o que falta fazer, depois desse diagnóstico, destaca que “faltam projetos de grande fôlego para mudar algumas áreas do ponto de vista estrutural”, apontando a precariedade do trabalho, a diversificação da floresta, a saúde a habitação, “agendas fundamentais para se viver melhor no país”.

“Se Portugal foi capaz de acabar com o trabalho infantil, porque é que não é capaz de acabar com estas formas ilegais de híper exploração do trabalho? Porque é que não podemos fazer um investimento para ter uma floresta diversificada para ter um país mais seguro? Certamente que se consegue se esse for um projeto que temos em conjunto”, disse.

Catarina Martins afirma que este é um livro “feito por pessoas”, sublinhando que tem relatos de “pessoas extraordinárias” que lutaram por direitos das mulheres, da comunidade LGBT, dos migrantes, e que “ainda lutam por esses direitos de uma forma ampla para toda a gente”.

Vozes que “foram ouvidas”, ficando com a certeza que “em Portugal existe essa força transformadora”.

O livro, na Covilhã, foi apresentado no salão nobre do Oriental de S. Martinho que encheu para ouvir Catarina Martins e João Teixeira Lopes.