“UBI é fundamental para combate à desertificação. Não pode ter estudantes a prazo”

Ricardo Nora tomou ontem posse para mais um mandato à frente da Associação Académica da Universidade da Beira Interior, AAUBI, numa cerimónia transmitida via zoom.

A discursar para um auditório vazio, contingência dos tempos pandémicos que vivemos, o líder estudantil ainda assim afirmou que prefere “ver o copo meio cheio” ao fazer o balanço do ano que passou, encarando como “lições” os desafios que a pandemia trouxe.


“As crises servem para crescer, aprender e aproveitar as oportunidades” será a lição fundamental a retirar, disse Nora, acrescentando que “a recuperação e retoma económica dependem em grande medida do papel do ensino superior e do associativismo estudantil”.

O presidente da AAUBI, no seu discurso, alertou para as “escolhas sábias” que as instituições de ensino superior têm de fazer para se tornarem “mais eficientes e produtivas”.

O financiamento do ensino superior também não foi esquecido. “A dotação orçamental proveniente do Orçamento do Estado deve subir em termos nominais e de forma sustentada e recorrente” sublinhou o dirigente, desafiando a tutela a “investir no presente para o futuro do ensino superior”.

Salientando que “a Covilhã é uma verdadeira cidade universitária”, Nora vincou que “não pode ter estudantes a prazo, que vem e vão por falta de oportunidades”, desafiando a Câmara da Covilhã e outras da região a “encetarem estratégias conjuntas para fixar os jovens”, encarando as instituições de ensino superior “como veículos de combate à desertificação do interior”.

Ricardo Nora considera que “muitas das dificuldades da UBI tem origem no problema crónico”, provocado “por um Estado incompetente e injusto na atribuição de financiamento”, embora sustente que algo mais pode ser feito. Temos que “acabar com esta desculpa” e fazer “a nossa parte – respeito e orgulho no passado, mas está na hora de dar lugar a uma nova geração”, defendeu.

A AAUBI “perdeu”, devido à pandemia, “milhares de euros em receitas e ainda assim foi das mais ativas do país” frisou Ricardo Nora, vincando que pretende neste novo mandato “continuar com a visão estratégica que iniciou no mandato anterior”.

“Tornámo-nos reivindicativos e procurámos ganhar espaço e voz junto dos órgãos decisores”, uma visão “partilhada pelos ubianos” que “em eleições disputadas, confirmaram que estamos no rumo certo”, disse.

A AAUBI será mais próxima dos estudantes e dos núcleos, com um “crescimento a longo prazo, através da profissionalização e com uma gestão financeira consciente, séria e transparente”, disse ainda Ricardo Nora.

Na cerimónia de tomada de posse esteve António Fidalgo, Reitor da UBI, que está a terminar o mandato. Também por isso “e mesmo não sendo o discurso de despedida” quis falar “ao coração dos alunos”, vincando que é a “querida comunidade ubiana”, a quem deixou palavras de incentivo para ultrapassar os tempos “difíceis” em que, entre outras coisas, “falta a convivência que deve existir em todas as formas da vida académica”, disse.

A Câmara Municipal da Covilhã esteve representada por Regina Gouveia, vereadora com o pelouro da educação, que parabenizou a AAUBI pelo trabalho realizado e aceitou o desafio de “trabalhar em conjunto” com a academia para “transformar a Covilhã numa cidade mais jovem, mais apelativa para empresas que tenham a ver com inovação”, ajudando a “transformar a sociedade numa perspetiva sustentável e inclusiva”.