Vigília pela Argemela: Protesto silencioso para António Costa ouvir

Algumas centenas de pessoas concentraram-se ontem à noite na Praça do Município, na Covilhã, alguns minutos antes da chegada do Primeiro-Ministro, António Costa, que veio presidir à cerimónia oficial de abertura do Teatro Municipal da Covilhã, para protestarem contra a exploração mineira na Serra da Argemela, numa área que abrange os concelhos da Covilhã e Fundão.

“Há 5 anos que andamos nisto, já escrevemos, já falámos, já gritámos em manifestações, hoje estamos aqui para ver se de uma forma mais silenciosa ele nos ouve”, disse, em declarações à Rádio Clube da Covilhã, Gabriela Margarido. A dirigente do Grupo de Preservação pela Serra da Argemela, frisa que “o Primeiro-Ministro está ciente de todos os argumentos que apresentamos”, afirmando que já entregaram ” toda a informação”. Vinca que o Governo “tem documentação e fundamentação” em que esclarecem qual a posição da população, concluindo que falta é “corrigir a situação”, que a não acontecer será “uma tremenda injustiça para a população”.


Alguns dos presentes na manifestação, habitantes da aldeia do Barco, com quem a RCC falou, dão conta do “medo e angustia” que sentem em relação ao futuro da aldeia “tal como a conhecemos”, não escondendo que “temem” pela qualidade de vida que vão perder, apontando como principais razões para protesto os riscos para a saúde, a poluição e riscos económicos devido à desvalorização imobiliária.

Vítor Fernandes, presidente da Junta de Freguesia do Barco, que também participou na vigília, prevê “um futuro sombrio” para a freguesia.

O grupo manteve-se silencioso, e só à chegada de António Costa se ouviu “a Argemela é nossa”, mas o governante não se aproximou dos manifestantes nem teceu, aos jornalistas, qualquer comentário sobre a matéria.

Já depois da partida de António Costa, que assistiu no Teatro Municipal ao espetáculo oficial de reabertura da sala, o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira, mostrou-se solidário com a população, e afirma que se mantém “expectável quanto às conclusões da avaliação do impacto ambiental porque é isso que vai ditar a percussão ou não da exploração”, posição que o Governo também defende, sublinhou.