Ucrânia: AM Covilhã “repudia” guerra e recomenda que se recebam refugiados

Todos os grupos municipais com assento na Assembleia Municipal da Covilhã, que reuniu esta sexta-feira à tarde, apresentaram moções a condenar o uso de armas na Ucrânia, guardando também um minuto de silêncio pelas vítimas do conflito armado.

A primeira moção foi apresentada por Adolfo Mesquita Nunes, em nome dos grupos do CDS e PSD. No texto, que foi aprovado por maioria com a abstenção dos eleitos da CDU, é referido que “a Rússia de Vladimir Putin invadiu um país soberano e independente” e “fê-lo rasgando um acordo de paz e sem que tivesse ocorrido qualquer ataque ao território russo” e que “essa infame e imperialista invasão não pode deixar de merecer repúdio e condenação”.


É ainda destacado que dia 24 foi “um dia negro para a Europa e para os defensores da liberdade. E tudo indica que foi apenas o primeiro dia de vários dias negros”, vincando que “a atuação do regime de Vladimir Putin é manifestamente ilegal e ilegítima e é um inaceitável ataque ao povo ucraniano e ao seu direito à paz, autodeterminação e integridade territorial”.

Na moção a Assembleia Municipal expressa “solidariedade com o povo ucraniano”, defende “uma solução pacífica para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia” e “condena todas as formas de totalitarismo e invasão territorial”.

Na moção foi ainda proposto guardar um minuto de silêncio pelas vítimas do conflito.

A segunda moção a ser aprovada partiu da bancada do Partido Socialista (PS). Hélio Fazendeiro leu o texto que vinca que “esta invasão de um país soberano na Europa, é a maior violação do Direito Internacional desde a II Guerra Mundial e trata-se de uma ação gratuita, desnecessária, injustificada e inaceitável pela Rússia, deliberadamente preparada e iniciada pelo seu Presidente Vladimir Putin”.

O grupo municipal do PS considera esta “uma das páginas mais negras da história europeia e mundial com consequências imprevisíveis, mas com toda a certeza, profundamente gravosas para todo o mundo e em particular para a Europa”.

Considera também que “perante as circunstâncias e os factos, Portugal, a União Europeia, a NATO e os aliados – defensores do Direito Internacional e da Liberdade – não podem ser condescendentes nem tolerantes com esta agressão grosseira e a violação da lei internacional e devem mobilizar-se para prestar todo o auxílio necessário ao povo ucraniano e para a reposição da paz”

Na moção está plasmada “uma firme condenação e repúdio inequívoco desta ação de guerra inaceitável e intolerável” e recomenda-se “ao Executivo Municipal que, de acordo com a tradição solidária covilhanense e no seguimento das políticas sociais, de acolhimento e integração de refugiados que tem promovido e apoiado, diligencie e informe o Governo português da sua disponibilidade para acolher refugiados ucranianos que venham a solicitar a Portugal, apoio e acolhimento”.

O grupo da CDU absteve-se na votação destas duas moções, afirmando que “não está em causa a solidariedade com as vítimas”, mas afirmando que “é preciso manter coerência quando um país é invadido”, vincando que “noutras circunstâncias a invasão era para defesa da democracia e libertação do povo e agora é dado o argumento contrário”. Para a CDU “o conflito tem uma abrangência histórica maior”. “É fácil fazer a o discurso do imperialismo americano e não levar em linha de conta os outros factos históricos”, referiu Marco Gabriel na declaração de voto.

O grupo municipal da CDU apresentou a sua própria moção em “defesa da paz e pelo fim da escalada de confrontação na Europa”, “expressando a sua profunda preocupação” com a situação que se vive, está descrito no texto lido por Vítor Reis Silva.

No texto o grupo da CDU salienta “que o agravamento da situação é indissociável do contínuo alargamento da NATO e do reforço do seu dispositivo militar ofensivo junto às fronteiras da Rússia, assim como da inserção e instrumentalização da Ucrânia ao serviço da estratégia belicista deste bloco político-militar”.

Na moção apela “à urgente desescalada do conflito, à instauração de um cessar-fogo e à abertura de uma via negocial”.

Esta moção acabou chumbada, com 8 votos contra do CDS e PSD, 29 abstenções, do PS e de presidentes de junta, e 3 votos a favor.

Nuno Pedro, do PS, na declaração de voto, afirma que concorda que “é necessária haver uma desescalada do conflito”, mas não se “pode concordar com uma perspetiva do imperialismo americano quando ouvimos dizer que a Ucrânia é um território que integra a federação Russa”.  

Adolfo Mesquita Nunes, em nome do CDS e PSD, na declaração de voto afirmou que a moção “só é solidária na aparência”, sustendo que “numa invasão como esta, dizer que a Ucrânia não existe”, não pode merecer voto favorável, “porque o culpado da invasão não está descrito” no documento.