10 anos de “estórias” e imagens de arte urbana na Covilhã em livro. Festival Wool 2022 já começou

Até ao dia 19 de junho 4 artistas irão dar vida a outros tantos locais na cidade da Covilhã na edição 2022 do Festival Wool, o mais antigo de arte urbana do país. O pontapé de saída aconteceu com o lançamento do livro que celebra os 10 anos de festival na Covilhã e conta, em imagens e palavras, o que de mais importante aconteceu entre 2011 e 2021.

Um livro que, disse Lara Seixo Rodrigues, durante a sua apresentação no salão Nobre da Câmara Municipal da Covilhã este sábado à tarde, “é uma narrativa dividida por anos em que se contam as histórias que aconteceram nas várias edições”.


A responsável sustenta que o Wool, que “nasceu da paixão pela arte urbana e pela Covilhã” dos 3 criadores do festival (Lara Seixo Rodrigues, Pedro Seixo Rodrigues e Elisabet Carceller), “é mais que um festival de arte urbana, é um local de encontro, de histórias” e no livro “encontra-se a história de muitos artistas nacionais e da própria arte urbana”.

Um festival que pretende ser um projeto de e para a comunidade, que transforma com a sua intervenção, e não existia “sem vocês”, disse ainda a responsável, frisando que o “Wool sem pessoas e sem comunidade não existia e com este livro tentamos espelhar isso para o mundo”, disse.

Em números o festival, que nasceu na Covilhã, viajou por Portugal e pelo estrangeiro, e realizou mais de 43 iniciativas, mais de 122 ações, trabalhou com mais de 46 artistas portugueses e 23 estrangeiros.

O Wool tem um roteiro com mais de 40 murais de grande dimensão, mais 20 de pequena dimensão, “um roteiro que tem trazido muita gente à Covilhã o que gera visitação e ocupação”, o que é essencial para a cidade, disse ainda Lara Seixo Rodrigues.

José Miguel Oliveira, vereador na CMC, durante a sua intervenção vincou que o Wool “não seria o mesmo se não tivesse estas pessoas à frente”, frisando que a parte da autarquia, embora com constrangimentos orçamentais, “é a mais fácil, é ajudar a que criem e que coloquem este festival onde ele deve estar”, frisando que, “nos últimos 10 anos o investimento ultrapassa os 250 mil euros”, considerando que este “é um investimento, porque o que a Covilhã e o centro histórico ganhou não tem preço”, concluiu.

O vereador considerou ainda que o livro que retrata estes 10 anos é “fundamental”, afirmando que “não é apenas um documento para celebrar uma década”, mas é um livro, como diz a organização, sobre a transformação dos lugares e das suas gentes, que “é o que efetivamente aconteceu na Covilhã”.

Descreve que os cidadãos da Covilhã “olham para as paredes com orgulho, acompanham os artistas com orgulho e tentam ser os cicerones dos turistas o que representa uma mudança de paradigma”.

José Miguel Oliveira desafiou a organização a “alterar a periodicidade” para o futuro. “Se estavam com ideias de que com este livro as coisas estavam mais ou menos feitas, tirem daí a ideia porque o município conta convosco por pelo menos mais uma década”, concluiu.

Inês Moreira, curadora e investigadora, foi uma das personalidades convidadas para o arranque desta edição do festival. No lançamento do livro disse que o Wool “é fascinante para qualquer investigador porque permite ler a cidade de uma nova perfectiva, não apenas pela história, mas reinventa-se e cria um novo conjunto de referências que cria uma nova imagem da cidade”.

João Aidos, que era Diretor Geral das Artes quando o Wool começou, frisou que a arte urbana “cria uma relação dos habitantes locais com o território que é uma verdadeira lição de cidadania”.

Destaca ainda a transversalidade de públicos que atinge, que vai desde crianças a pessoas de idade maior, dando como exemplo o Lata 65, concluindo que o Festival de Arte urbana da Covilhã “é um exemplo de boas práticas”.

O Sr. Viseu (assim é conhecido por ter nascido em Viseu), é uma figura típica da cidade, trabalhou como operário na indústria dos lanifícios e foi jogador do Sporting Clube da Covilhã.

Samina retratou o rosto do Sr. Viseu, e ele conta que quando viu o início da intervenção pensou que lhe estavam a “arranjar a casa”. Num primeiro momento não se reconheceu, foi o neto que lhe chamou a atenção. Ficou sensível e orgulhoso. Já era conhecido, ficou mais, disse.

O Festival de Arte urbana a Covilhã, nesta edição de 2022 vai ter intervenções no Largo Srª do Rosário, substituindo as duas imagens que ali existiam, na Rua da Alegria e na Rua Visconde da Coriscada.

No que se refere à restante programação desta 9.ª edição do WOOL, destaca-se a apresentação do resultado da residência artística de desenho realizada na edição anterior por Nuno Sarmento. Este rolo, que é também um retrato da Covilhã, será apresentado no New Hand Lab. Mas para memória futura e acessível a todos, será colocada uma réplica aumentada na Ponte Pedonal sobre a Ribeira da Carpinteira.

O artista visual e ilustrador Mantraste foi convidado a orientar uma ação comunitária, que terá como missão criar e ‘atualizar’ a mítica tapeçaria em exposição na Galeria António Lopes – “Covilhã: cidade fábrica, cidade granja”. O artista irá igualmente desenvolver um workshop de ilustração em plasticina.

Já em tom de fecho do WOOL 2022, o músico e produtor Fred irá apresentar ao vivo, no Miradouro das Portas do Sol, o seu mais recente trabalho “Series Vol.1 – Madlib”, uma espécie de tributo à obra do músico e produtor reconhecido internacionalmente.

Como é já usual, o WOOL 2022 conta ainda com as visitas guiadas (a pé e em tuk tuk eléctrico) orientadas por membro fundador do WOOL