Vítor Pereira, presidente da Câmara da Covilhã juntou-se à Tribuna Pública contra as portagens que a Plataforma p’la Reposição das SCUTS organizou ontem na Praça do Município, para de “forma inequívoca deixar claro que, o cidadão, o presidente de Câmara e o dirigente do PS são contra as portagens na A23 e A25”, começou por sublinhar.
“Não haja equívocos. Independentemente das nossas divergências, o cidadão, presidente de câmara, e dirigente partidário é absolutamente contra a existência de portagens na A23 e A25”, disse, reforçando que “em diversas ocasiões e fóruns fez ver a António Costa, quer no seu papel de secretário-geral do PS quer no papel de primeiro-ministro, bem como a outros membros do Governo, que os covilhanenses são contra as portagens”.
“Podemos discutir se elas são abolidas abruptamente, ou progressivamente, de uma forma justa e racional, mas de maneira que tenham impacto nos nossos bolsos e nas nossas vidas”, disse.
A Tribuna contra as Portagens tem por base a filosofia de microfone aberto, e foi nesse âmbito que surgiu a intervenção do autarca, em que sublinhou que “é incomportável” este custo para empresas e famílias, sublinhando que “as portagens oneram as viagens de uma forma assustadora”.
Reconhecendo que há um historial de reduções “que não foram ao encontro das expectativas”, o autarca sustentou que “enquanto os índices de desenvolvimento do interior forem inferiores aos do litoral, não há razões que justifiquem a imposição de portagens nas nossas autoestradas”, disse.
Vítor Pereira saudou “o fervor e a forma determinada e corajosa” com que a Plataforma tem travado a luta contra as portagens, vincando que “é uma luta justa”.
Uma intervenção que a Plataforma classificou de corajosa, desafiando outros presidentes de câmara a fazer o mesmo.
Uma iniciativa que a Plataforma promoveu depois de finalizado o prazo estabelecido pelo Governo para entregar um plano de redução das portagens que, recorde-se, era início do verão, “sem que nada tivesse acontecido”.
Luís Garra sublinhou ainda a promessa de 20% de redução feita pela Ministro das Infraestruturas, João Galamba, que também não teve consequências práticas.
Motivos que levam a Plataforma a exigir ao Governo “medidas para entrarem em vigor em julho”, sublinhando que esta matéria não pode ser empurrada para o próximo Orçamento do Estado.
“É preciso que o Governo perceba que não pode adiar isto para 1 de janeiro de 2024, tem de tomar medidas para entrarem em vigor a 1 de julho de 2023”, alertou, vincando que se o Orçamento do Estado não contemplar a eliminação, no âmbito dessa discussão a Plataforma “irá reagir”.
Luís Garra sustentou ainda que, tal como todos reconhecem, “acabar com as portagens é um ato de bom senso económico e de justiça para com as populações”, frisa que a “Plataforma vai continuar a exigir a abolição”, avisando que “se esta vier de uma vez será aplaudida”, se for em parcelas, “vão continuar a ter-nos constantemente à perna”, disse.
Nesta Tribuna foram diversos os argumentos contra as portagens que os vários intervenientes recordaram. Por exemplo, a dificuldade acrescida para acesso à saúde, o abandono dos idosos porque as portagens dificultam as viagens dos filhos,.
Também as dificuldades acrescidas para os agricultores foram sublinhadas por Aníbal Cabral, presidente da Associação de Agricultores de Castelo Branco, salientando “esta é uma luta de todos”.
David Silva, presidente da Junta de Freguesia do Tortosendo sublinhou o custo acrescido que as portagens significam para as empresas do parque industrial da sua freguesia, vincando que se elas não existissem talvez o nível salarial pudesse ser mais elevado.
Também Pedro Leitão, presidente da UF Cantar-Galo e Vila do Carvalho, entre outros argumentos, sublinhou o custo acrescido para aceder a iniciativas culturais que só existem em Lisboa, para pedir “a discriminação positiva que o interior merece”.
Entre os sindicatos presentes um representante do Sindicato dos Transportes de Santarém juntou a sua “voz de solidariedade” a uma luta que considerou justa. “O mar de gente do interior merece mais respeito”, disse.
Marisa Tavares do Sindicato Têxtil da Beira Baixa recordou o lema que se cantou em Lisboa a 20 de maio. “Enquanto houver estrada a pagar, nós não vamos parar”.
Sérgio Santos, coordenador da União dos Sindicatos de Castelo Branco, considerando importantes os contributos, apelou a uma maior participação popular.
“Deveríamos ser muitos mais, mas enquanto as pessoas do Interior não perceberem o quão importantes são na luta, e nesta luta que é mais que justa, não vamos conseguir chegar ao final, e ao final feliz que a gente quer”, sublinhou.
Sérgio Santos deixou claro que para o movimento sindical só a abolição imediata das portagens significa levar “esta luta a bom porto”.