Sindicato Têxtil acusa empresas da região de “atropelo aos direitos humanos”

Entre os meses de julho e agosto, o Sindicato dos Trabalhadores do Setor Têxtil da Beira Baixa recebeu mais de 20 pedidos de intervenção, provenientes das empresas Paulo de Oliveira, Goucam, Dalina e Twintex.

Em causa está um “atropelo aos direitos humanos”, utilizando “chantagem, pressão e baixos salários”, revelou Marisa Tavares, presidente da estrutura sindical.


“O uso de câmaras indevidamente e ilegalmente; pressão sobre os trabalhadores com ameaças constantes devido à produção; processos disciplinares baseados em falsidades e assédio moral” foram alguns exemplos apresentados pela porta-voz do grupo.

“No grupo Paulo de Oliveira, ameaçam os trabalhadores por participarem nos plenários e por não trabalharem aos sábados”, frisou Marisa Tavares, acrescentando que a empresa “chega ao ponto de não renovar contratos”.

Durante a conferência de imprensa, que teve lugar esta manhã junto à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), a presidente da estrutura sindical referiu ainda que “as empresas têm recusado aumentar salários e subsídios de alimentação”.

“Na contratação coletiva, não tiveram vergonha de propor um aumento de 0,15 cêntimos e, nas empresas do grupo Paulo de Oliveira, traduziu-se num aumento de 0,13 cêntimos. Que setor paga 2,50 euros de subsídio de alimentação?”, questionou.

Marisa Tavares sublinhou ainda que, caso não exista alternativa, “o único caminho é a greve”.

“Não são os que lutam que estão mal. Quem não luta, não respeita a memória dos seus, não luta pelo futuro das próximas gerações e não tem qualquer autoridade para exigir o que quer que seja”, vincou.

Foram solicitadas várias reuniões com a DGERT (Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho), disse a presidente do sindicato, acrescentando que, “se não houver resposta positiva por parte das empresas”, irão avançar com a marcação de greves.

“Estão em cima da mesa, mas são os trabalhadores em plenário que definem se avançam ou não”.

De acordo com Marisa Tavares, na região da Beira Baixa, o setor têxtil emprega cerca de 3 mil trabalhadores.