“Aqui Só Bate o Coração”: Contra a violência sobre as mulheres denunciar e apoiar

  Ao Gabinete de Apoio à Vítima da Coolabora chegam cada vez mais mulheres vítimas de violência, o que pode significar que o apelo à denuncia está a resultar.

Sendo estruturalmente otimista Graça Rojão é nisso que acredita. Que os casos de violência podem não estar a aumentar, há é mais denuncias dessas situações.


 “Estamos num processo de transformação social, que aquela atitude de que cada uma tem de carregar a sua cruz ao longo da vida está a acabar, que as pessoas recusam levar uma vida de violência, procuram cada vez mais denunciar esse tipo de situações e libertar-se e isso pode ter um reflexo significativo nos números”, disse.

Graça Rojão, da Coolabora, falava durante a tarde de sábado na iniciativa “Aqui só bate o coração”, que assinalou Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, que juntou centenas de pessoas no Jardim do Lago e no Jardim das artes. Uma iniciativa com 26 instituições em coorganização, que se mobilizaram para dizer não à violência contra as mulheres, que na região e no país ainda tem números preocupantes.

“É preciso que todos se levantem e digam não, não só hoje, mas todos os dias”, apelou.

Sendo a violência doméstica um crime público, entre marido e mulher pode meter-se a colher. Neste aspeto Graça Rojão revela que “há cada vez mais vítimas a chegar, encorajadas por outras o que é muito positivo. Passa a mensagem que as vítimas não estão sós, têm apoio”.

“Há muitas pessoas que não deixam as vítimas sozinhas e lhes dão apoio. A maior parte das vítimas que chegam ao nosso gabinete vêm encaminhadas por outras instituições como as forças de segurança, o Centro Hospitalar e Centro de Saúde, mas há também que chegue pela mão de uma amiga ou vizinha que também já teve o problema e foi apoiada”, disse.

Segundo as estatísticas, uma em cada três mulheres pode ser vítima de violência ao longo da sua vida adulta, logo, sublinha Graça Rojão, “há muitas mulheres que percebem o que se passou e que podem fazer esse encaminhamento”.

Para a responsável, o importante é que as vítimas “não se sintam culpadas, percebam que não há nada de errado com elas e que se tentem libertar desse tipo de situações”.

A iniciativa “Aqui Só bate o Coração” começou no Jardim do Lago, seguindo depois em marcha até ao Jardim das Artes onde diversos grupos atuaram. Terminou com a realização de um coração humano.