Obra de António Assunção sobre movimento empresarial é “registo único” da história da Covilhã

A história do movimento associativo empresarial da Covilhã, entre 1840 e 2020 está retratada no novo livro de António Rodrigues de Assunção, que ontem foi apresentado no Salão Nobre dos Paços do Concelho. “Um relato incrível que faltava para contar a nossa história conjunta”, disse Vítor Pereira.

Depois de dar conta do gosto que foi escrever o prefácio da obra, Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã, traçou rasgados elogios à obra e ao autor.


Recordou que mesmo não sendo natural da Covilhã António Rodrigues de Assunção, pelo que já fez pela cidade e concelho, pode, se assim entender, usar o título de covilhanense.

O autarca realça que o livro tem por base a história da Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor, “mas vai mais longe que um simples relato”, considerando-a um “registo único de nossa existência coletiva”, sublinhou.

Realça que, ao longo dos anos, o trabalho apurado de investigação de António Rodrigues de Assunção, quer sobre o Movimento Operário, quer sobre a Covilhã na 1.ª Grande Guerra, muito contribuiu para dar a conhecer a história do concelho e da região. Com esta nova obra dá a conhecer a história de outra das áreas fulcrais do concelho, a empresarial.

“Um trabalho que nos ajuda a desbravar a história de um dos setores mais importantes da cidade porque, se é certo que sempre fomos uma cidade têxtil e industrial, também é certo que sempre fomos uma cidade de grandes empresários e de forte pendor comercial. Sempre tivemos uma pujança diferente e, faltava trazer à luz do dia, mais conhecimento sobre essa realidade e sobre aqueles que ajudaram a firmar essa componente. Com esta obra, ficamos a saber mais, sobre os momentos chave deste setor”, sublinhou o presidente da Câmara.

Afirma que “é um trabalho de ourives que obrigou a muita dedicação e profunda investigação. O professor Assunção recolheu documentos, procurou fontes, despendeu esforços e levou o barco a bom porto”, disse.

Um livro com três partes que conta a história do movimento associativo empresarial da Covilhã desde 1840 até 2020.  “Um percurso incrível, com um trabalho investigativo notável, sério e credível”, que da primeira à última página revela essa dedicação, disse ainda o presidente da Câmara, concluindo que a obra “ajuda a compreender a história da Associação Empresarial e a história coletiva, considerando-a uma “homenagem aos que ajudaram a construir essa associação”.

António Rodrigues Assunção, numa intervenção emocionada, fez o elogio ao livro como um amigo que precisa ser lido, “gosta de ser lido”, disse. “Este não é exceção, leiam se puderem”, disse várias vezes

É “um livro de história e com uma história” que, com muitos percalços pelo meio esteve em risco de não ser publicado, valeu a intervenção de Vítor Pereira para “se conseguir um desenlace feliz”, sublinhou, escusando-se a entrar em detalhes.

Explica que começou por ser uma obra encomendada pela Associação Empresarial da Covilhã, Belmonte e Penamacor para celebrar o seu centenário em 2020 acabando por não acontecer.

A investigação começou em 2019, e, depois de tantos anos de contratempos, ver o livro foi como “ver nascer um filho”, contou.

Relata que a obra “conta e narra muita da história da Covilhã, mas vai além disso”, com muitas “preciosidades e pérolas que vale a pena conhecer”, disse.

O autor explica que a grande dificuldade foi a falta de documentos, pois muitos foram destruídos no incêndio de janeiro de 1926 no Grémio do Comércio.

Explica também que optou por não contar a história do Grémio dos Industriais de Lanifícios, porque ao incorporar essa história o livro iria para o dobro, concluindo que é uma matéria tão rica que merece ser escrita.

Este é um livro, que no entender do autor, revela o que deve ser uma associação empresarial.

“Mostra o que deve ser o movimento associativo empresarial, que, sem prejuízo de cuidar dos seus interesses, deve ser aberto á cidade, participar nos seus problemas”, disse, frisando que, no passado, há muitos exemplos de bons serviços prestados à Covilhã por empresários, dando como exemplo a chegada da luz à cidade “que aconteceu porque houve cooperação entre duas associações empresariais e a autarquia”.

“Há aqui exemplos de verdadeira dedicação de industriais e comerciantes à cidade. É vocação das associações empresariais servirem a cidade”, concluiu.