Depois do chumbo dos documentos na Assembleia de Freguesia de dezembro, o Orçamento e as Grandes Opções do Plano da Freguesia da Boidobra para 2024 foram aprovados, por maioria, na reunião do órgão que decorreu ontem à noite.
Os documentos passaram com uma abstenção do PS, que tinha votado contra em dezembro, três votos contra da coligação Juntos Fazemos Melhor e quatro votos favoráveis da CDU.
Marco Gabriel, presidente da Junta de Freguesia esclareceu que todos as questões técnicas sobre os documentos, levantadas pela oposição da Assembleia de Freguesia de dezembro, foram analisadas ponto por ponto, apresentando agora um orçamento que vai “além do que a lei estabelece para as freguesias”.
“Foi com enorme sentido de humildade democrática que encarámos o chumbo do orçamento” vincou o autarca, avançando que o executivo “definiu o objetivo de resolver o problema o mais depressa possível”. Detalha que foi analisada “a declaração de voto apresentada pela coligação Juntos Fazemos Melhor ponto por ponto”, reuniram com contabilista, consultaram a ANAFRE, analisaram orçamentos de grandes freguesias e estudaram detalhadamente a lei em vigor, concluindo que a proposta apresentada vai “muito para além da exigência legal prevista para os orçamentos e grandes opções do plano das freguesias”, disse
Marco Gabriel, sustentou ainda que na Assembleia de Freguesia de dezembro não houve qualquer referência “ao conteúdo do orçamento” e por isso o agora apresentado “é exatamente o mesmo”, no valor global de cerca de 414 mil euros (noticia AQUI).
Da parte do PS, Henrique Gigante, disse que embora não tenha entregue por escrito a declaração de voto, a bancada socialista levantou questões técnicas que “foram corrigidas no documento”.
Mais acesa foi a discussão com a coligação Juntos Fazemos Melhor.
António Freitas presidente da mesa, mas falando enquanto eleito da coligação, destacou que as propostas sobre o conteúdo do documento foram feitas durante a reunião ao abrigo do direito de oposição e não estão contempladas no plano, relatando a inclusão das rúbricas para investimentos do PRR e PT 2030 e até um concurso de ideias para os jovens.
Para o eleito, a CDU na Boidobra “não sabe governar em minoria”, apontando que para o executivo “a maioria da assembleia, que são 5 elementos, não vale nada na freguesia, tudo o que se compromete com eles não se faz e leva assim a freguesia, numa questão autoritária, pensando que esta gente costuma ser adormecida e nada faz contra a junta porque se o fizer é contra os boidobrenses. Não, nós representamos uma percentagem dos boidobrenses que não votaram no vosso projeto e vamos defende-los até ao fim, custe o que custar”, disse.
Uma declaração que levou o presidente do executivo a questionar se na assembleia “se está de bem, ou se quer reprovar o orçamento para fazer um número”.
“Então o problema eram estas leis todas e estes pontos todos que não estavam a ser cumpridos e agora o problema já é outro?”, questionou, perguntando “o que se esteve a fazer na reunião de dezembro em que nada foi referido”. “O que aqui se está a colocar é a questão política. Podemos trazer 3 ou 4 orçamentos e haverá sempre uma coisa ou outra que não está bem”, deu conta o presidente, sustentando que “este não pode ser o orçamento da oposição, tem de ser o orçamento de quem ganhou as eleições”.
António Freitas (Juntos Fazemos Melhor) manteve a posição, frisando que orçamento espelha uma visão “totalitária” da forma como a CDU governa na freguesia, sem ambição nem estratégia, lamentando que o executivo “não tenha em consideração a oposição e não saiba governar em minoria”.
“Não podemos ser coniventes e permitir que um orçamento que continua a ignorar parte da população da freguesia seja aprovado”, concluiu.
O orçamento foi aprovado com 3 votos contra, 1 abstenção e 4 votos a favor.